Título: Desfalcada de quatro ministros, missão de Lula chega à Coréia
Autor: João caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2005, Economia, p. B3

Imerso na crise provocada pela denúncia de corrupção nos Correios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega hoje a Seul com a comitiva desfalcada em quatro ministros ¿ considerados de peso na estratégia de atrair investimentos coreanos e japoneses. José Dirceu (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) e Walfrido Mares Guia (Turismo) ficaram com a missão de contornar a formalização da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do caso. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que está sendo investigado, também cancelou sua ida. As ausências devem pesar na programação, orientada para promover o comércio bilateral e atrair investimentos em áreas essenciais, como tecnologia, bens de capital e infra-estrutura. Dirceu faria pronunciamentos nos seminários sobre oportunidades de investimentos no País. Ele detalharia as obras nos setores de transportes, de energia e de telecomunicações requeridas para diminuir o chamado Custo Brasil. Paulo Bernardo complementaria a tarefa de Dirceu com uma exposição sobre as Parcerias Público-Privadas (PPP).

Mares Guia teria um evento dedicado ao turismo em Seul e um papel mais relevante no Japão, que se tornou um dos alvos da política brasileira de atração de turistas e de investimentos neste setor. A ausência de Meirelles será sentida nos seminários orientados para o investimento nos dois países visitados, nos quais complementaria a exposição do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sobre a situação e as perspectivas macroeconômicas do Brasil. Todos estariam nos encontros em que Lula conversará diretamente com grupos de presidentes de grandes corporações coreanas e japonesas.

A comitiva ficou reduzida a cinco ministros, todos de pastas técnicas e com perfil distante das negociações com o Congresso. Palocci não se mostra envolvido com tais assuntos e seria indispensável para os objetivos do roteiro presidencial. Além do ministro da Fazenda, desembarcarão com o presidente seus colegas Celso Amorim (Relações Exteriores), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Roberto Rodrigues (Agricultura) e Dilma Rousseff (Minas e Energia).

Amorim dará suporte na diplomacia, especialmente no tratamento com o Moo-Hyun sobre temas delicados. Furlan abrirá o workshop para empresários brasileiros e coreanos sobre tecnologia da informação, no qual exporá a política industrial.

Rodrigues vai falar sobre alimentos processados. Ambos os ministros e Dilma tratarão ainda de convencer o governo e o empresariado japoneses a investirem na produção de etanol no Brasil destinada a seu mercado de combustíveis. Furlan ainda tem uma atuação fundamental para a consolidação dos investimentos das siderúrgicas Posco, no Maranhão, e da Dankurk, no Ceará.