Título: Lula diz que não teme a CPI dos Correios
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2005, Nacional, p. A8

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, no Palácio do Planalto, que não teme a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. "Olha para a minha cara para ver se estou preocupado com isso", afirmou Lula, abrindo um sorriso, a uma pergunta sobre a decisão do Congresso Nacional de investigar denúncia envolvendo aliados do PTB e suspeita de irregularidades na empresa estatal. Ele comentou o assunto após descer a escada do terceiro para o segundo andar do palácio, onde participou de uma solenidade de criação de reservas extrativistas. Ao dar a resposta, Lula demonstrava bom humor, mas também um semblante de cansaço. Nos últimos dias, o presidente trabalhou e conversou muito para resolver problemas na base aliada no Congresso. Anteontem, ele participou de um jantar na Granja do Torto com representantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. E, na noite anterior, de quarta-feira para quinta-feira, Lula jantou com quatro governadores para pedir apoio contra as ações do baixo clero e da oposição, que querem investigar a denúncia nos Correios.

Em entrevista ontem, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, reforçou que o governo e Lula não estão preocupados com a CPI.

"O presidente nunca deu qualquer tipo de demonstração de estar preocupado com coisas dessa natureza, de forma alguma", salientou. "O presidente é exemplo de homem de bem e de homem público com autoridade moral, portanto está absolutamente tranqüilo." A uma pergunta sobre o adiamento da reforma tributária para o segundo semestre por causa da CPI, Alencar respondeu não ver relação entre a reforma e as investigações. "Uma comissão não adia uma reforma tributária, não há nada a ver uma coisa com a outra", afirmou.

O vice ressaltou que a retirada de assinaturas de parlamentares da base aliada do requerimento da CPI depende do "foro íntimo" dos parlamentares. "Quando era senador, eu assinava os pedidos de investigação, porque era a favor de investigação sobre qualquer denúncia que pudesse representar indício de crime", disse. "Então, não me custa nada." O vice ponderou, no entanto, que nunca fez prejulgamentos. "A priori, todo cidadão é honesto. A investigação é até boa para o investigado, que terá grande oportunidade de provar a inocência", argumentou.

DIRCEU

Já o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, evitou ontem comentar a instalação da CPI e as articulações do governo para acabar com os problemas na base. "Não falo sobre isso, quem fala é o Aldo (Rebelo, ministro da Coordenação Política)", afirmou. "Estou preocupado é com a Casa Civil."