Título: Mercadante e João Paulo batem de frente sobre veto a Moraes
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2005, Nacional, p. A14

Deputado critica Senado por rejeitar nome e líder culpa oposição; ambos disputam candidatura petista à sucessão de Alckmin

"Mesquinharia foi ter premiado este senhor (Alexandre de Moraes) com este cargo, em vez de Sérgio Renault, que foi quem trabalhou a reforma do Judiciário, enquanto a Febem vive uma grave crise" ALOIZIO MERCADANTE "Foi uma p... bobagem, porque o nome foi indicado pela Câmara " JOÃO PAULO CUNHA "A própria oposição, que era patrocinadora da candidatura, não teve o empenho, a dedicação e o acompanhamento indispensáveis em votações desta natureza" ALOIZIO MERCADANTE "Se a articulação partiu do próprio governo está errado. Porque o critério era escolher o nome indicado pela Câmara" JOÃO PAULO CUNHA "Só falta cobrar agora de mim" ALOIZIO MERCADANTE "Se o nome dele for reapresentado, o PT tem de reafirmar. Não tem de ter concorrente e a Câmara precisa votar esse nome e o indicar de novo" JOÃO PAULO CUNHA Elizabeth Lopes EMBU O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, e o deputado e ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha - ambos aspirantes a candidato pelo PT à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo de São Paulo em 2006 - bateram de frente ontem sobre a derrota do jurista Alexandre de Moraes, no Senado, para compor o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Enquanto Mercadante criticou duramente o governador, João Paulo disse que a rejeição ao nome de Moraes "foi um erro".

Para Mercadante, "mesquinharia foi ter premiado este senhor (Moraes) com este cargo, em vez de Sérgio Renault, que foi quem trabalhou a reforma do Judiciário, enquanto a Febem vive uma grave crise". Moraes foi secretário estadual de Justiça e presidiu a Febem este ano. Anteontem, Alckmin disse que a exclusão de seu ex-secretário para o CNJ foi uma "coisa pequena, mesquinha".

O parlamentar se eximiu também de qualquer responsabilidade pela derrota de Moraes no Senado. "Só falta cobrar agora de mim", desabafou. Mercadante responsabilizou setores do PFL e do próprio PSDB por essa derrota. Segundo ele, dois senadores do PFL deixaram de votar (Romeu Tuma, de São Paulo, e Maria do Carmo Alves, de Sergipe) e dois senadores do PSDB, que estavam presentes, também não votaram. E comentou: "A própria oposição, que era patrocinadora da candidatura, não teve o empenho, a dedicação e o acompanhamento indispensáveis em votações desta natureza."

Para João Paulo, "a rejeição de Moraes deve acirrar os embates no Congresso". E desabafou: "Foi uma p... bobagem, porque o nome foi indicado pela Câmara." Questionado a respeito das informações de que o próprio governo articulou a rejeição, foi taxativo: "Se a articulação partiu do próprio governo está errado. Porque o critério era escolher o nome indicado pela Câmara." João Paulo disse que não votou em Moraes, mas ele foi o escolhido e a manifestação política da Câmara deveria ser respeitada.

O deputado não crê que Mercadante tenha sido o responsável por essa situação. Mas voltou a dizer que o Senado não deveria ter rejeitado o nome do jurista e sim dado prosseguimento a uma decisão tomada pela Câmara. Em sua avaliação, não cabe ao Senado rejeitar um nome aprovado pela Câmara. "Se o nome dele for reapresentado, o PT tem de reafirmar. Não tem de ter concorrente e a Câmara precisa votar esse nome e o indicar de novo."

AUTORIDADE

Mercadante voltou à carga contra Alckmin, afirmando que ele não tem autoridade para defender a CPI dos Correios. Em reunião de vereadores do PT na cidade de Embu (SP), Mercadante disse que não entende como o governador defende a instalação da CPI dos Correios enquanto na Assembléia há 44 CPIs engavetadas. "Ele deveria desengavetar pelo menos uma. Por isso não é correto e ele não tem autoridade nem deveria se envolver com esse tipo de debate", criticou o senador petista.

Mercadante disse ainda que se a CPI dos Correios for mesmo instalada não deverá atingir a base do governo no Congresso porque se trata de um caso pontual. "Não vejo a base do Congresso atingida, nem por essa e nem por outra CPI." O senador falou também a respeito da tramitação de projetos no Congresso e responsabilizou alguns governadores, sem citar nomes, pelo atraso na condução da reforma tributária.