Título: Com 50 na fila, Assembléia de SP pode votar CPI na terça
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2005, Nacional, p. A 15

ÁREAS CONTAMINADAS: sobre resíduos tóxicos QUESTÃO TRIBUTÁRIA: sobre sonegação fiscal DEFESA DO CONSUMIDOR: denúncias de adulteração de combustível e abusos na telefonia FEBEM: para investigar maus tratos a menores e corrupção de funcionários Mariana Caetano Sem consenso entre os partidos de oposição e aliados ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre uma pauta que inclui 50 pedidos de criação de Comissões Parlamentares de Inquérito na Assembléia Legislativa de São Paulo, o presidente da Casa, Rodrigo Garcia (PFL), pretende levar a voto na terça-feira o primeiro da série. A Assembléia não vota uma CPI desde 2003. Garcia deve inaugurar a pauta unificando 6 pedidos que tratam de meio ambiente, para averiguar denúncias de contaminação do solo, água e ar no Estado. O presidente ainda busca o entendimento entre PT, PSDB e PTB, especialmente, sobre o formato dessa e de pelo menos outras 4 comissões que poderiam funcionar simultaneamente na Casa, mas avisa que deixará a decisão nas mãos do plenário se não houver acordo. "Não tenho prerrogativa para instalar CPI sozinho, cabe aos parlamentares decidirem."

A disputa em torno da criação da CPI dos Correios, no Congresso, acirrou os ânimos de PT e PSDB na Assembléia. Mas quem reagiu primeiro foi o líder do PTB na Casa e fiel aliado do governador, Campos Machado.

Ele argumenta que os petistas querem criar as CPIs em São Paulo apenas para ter "palanque eleitoral" e prometeu obstruir a criação de qualquer comissão. "As CPIs, hoje, não passam de instrumentos políticos eleitorais, o PT não quer a CPI dos Correios mas quer a CPI da Febem aqui. Quem anda descalço não deve plantar espinhos", atacou Campos, para quem seu partido só assinou o requerimento de abertura da CPI dos Correios para mostrar que não teme o escândalo que envolve seu presidente, Roberto Jefferson.

"Só queremos que a Assembléia retome a investigação do Executivo", reagiu o líder do PT, Renato Simões. O PT defende a criação de quatro CPIs, como parte de um acordo com todos os partidos, que prevê o revezamento na presidência e relatoria das comissões. A lista inclui áreas contaminadas, denúncias de sonegação fiscal, defesa do consumidor e a que mais incomoda o governo e interessa aos petistas: a investigação de irregularidades na Febem.

O vice-líder do governo, Milton Flávio (PSDB), recusa a aprovação das CPIs em "pacote", mas nega que vá impedir a aprovação da comissão sobre áreas contaminadas.