Título: Dividido e cheio de problemas, PT se reúne
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2005, Nacional, p. A18

Sete ministros integram comando nacional do partido Diretório nacional reúne hoje e amanhã, em SP, 81 representantes. Na pauta: crise na base aliada e escândalo dos Correios

PARTIDOS CÚPULA: Instância máxima do PT, o diretório nacional é composto por 81 integrantes, que representam diferentes tendências da sigla e que foram eleitos, mais os líderes do partido na Câmara e no Senado. Sete ministros de Estado fazem parte do grupo, entre eles os titulares da Casa Civil, José Dirceu, e do Trabalho, Ricardo Berzoini. Ana Paula Scinocca Colaborou: Rodrigo Pereira A.P.S A crise enfrentada pelo governo Lula, acentuada na última semana com denúncias de corrupção envolvendo o PTB, aliado de primeira hora, e a provável abertura, na próxima semana, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os Correios, deverá dar o tom da primeira reunião do ano do Diretório Nacional do PT, instância máxima da sigla que reúne seus 81 representantes hoje e amanhã em São Paulo.

"Não há como fugir do assunto do momento. Essa questão vai pegar", avisou o deputado Ivan Valente (SP), da esquerda petista, que promete aproveitar o encontro, junto com outros membros da chamada ala radical, para enfatizar as críticas em relação às políticas de aliança e econômica da administração de Luiz Inácio Lula da Silva. "Na busca em conquistar a maioria a todo custo, avançaram todos os sinais. Em nome da governabilidade, atropelaram valores éticos", observou o parlamentar, uns dos 17 petistas da Câmara que assinaram o pedido de abertura da CPI, à revelia do governo. " A tentativa (do Palácio do Planalto) de bloquear é um erro", avaliou ele.

"A opinião pública quer (a CPI) e acho que deve haver. Estou totalmente solidário aos deputados que assinaram", destacou Plínio de Arruda Sampaio, que vai disputar a eleição para presidente do PT.

A política de alianças do governo Lula é também alvo de críticas do deputado gaúcho Raul Pont, da Democracia Socialista, principal tendência de esquerda da sigla. "Os últimos acontecimentos, o caso dos Correios e a derrota para a presidência do Tribunal de Contas são a comprovação de que essa política de alianças não se sustenta e o governo tem de fazer algo para mudar isso", afirmou. "As alianças não devem ser tão amplas e tão constrangedoras", emendou Sampaio.

A política econômica, sempre em pauta para a esquerda petista, também deverá voltar a ser questionada. "Seria bom que ele (o ministro da Fazenda, Antonio Palocci) viesse. Mas daremos o cacete (sic) mesmo assim", prometeu Valente. A tentativa da esquerda de fustigar o governo vai obrigar o chefe da Casa Civil, José Dirceu, um dos sete ministros com assento no diretório, a falar em nome do Planalto. Ele deverá adotar a linha do "esse governo não rouba e nem deixa roubar". A Genoino, caberá convencer os "companheiros radicais" de que os petistas não são donos da verdade e, portanto, não é possível culpar um partido aliado por uma eventual irregularidade. "Não se governa sem que haja uma política de alianças. Não podemos fazer prejulgamento e nem culpar os aliados", argumentou ele.