Título: Debate terminou com unanimidade
Autor: Sheila D'Amorim, Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/05/2005, Economia, p. B3

A decisão de regulamentar as salvaguardas contra a China foi unânime no governo, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "O que acho (da decisão)? Foi adotada por unanimidade e eu sou membro da Camex", afirmou, referindo-se à Câmara de Comércio Exterior. O ministro não quis falar sobre a demora na regulamentação: "Não tem lógica da demora. Depende do ponto de vista. Acho que tomamos a decisão no tempo certo." Houve, porém, um intenso debate nos bastidores do governo antes de se decidir regulamentar as salvaguardas. Embora elas estejam previstas no acordo que a China assinou com a Organização Mundial do Comércio (OMC), havia a preocupação com um possível problema diplomático com os chineses. Salvaguardas, por mais justificadas que sejam, são travas num comércio que, nos planos dos estrategistas da política externa brasileira, deveria ser algo grandioso.

No dia 12 de novembro, durante visita oficial ao País do presidente da China, Hu Jintao, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os dois países estavam, naquele dia, redesenhando "o mapa mundial no que se refere ao fluxo de mercadorias e ao estabelecimento de novas rotas comerciais".

E acrescentou: "Passo a passo, Brasil e China estão consolidando uma parceria que integrará nossas economias e servirá de paradigma para a cooperação Sul-Sul."

Dentro dessa visão, foi firmada uma aliança estratégica entre os dois países, cujo ponto principal foi o reconhecimento, pelo Brasil, da China como economia de mercado. Esse reconhecimento, porém, ainda não está regulamentado.

Para que a medida seja concretizada, é preciso que a China cumpra alguns compromissos assumidos na época. Entre eles, está a modificação de regras de controle sanitário e fitossanitário em áreas como soja e carne, além da aquisição de pelo menos 10 aeronaves da Embraer neste ano.