Título: As armas do governador e do presidente da Assembléia
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2005, Nacional, p. A11

O presidente da Assembléia, Carlão de Oliveira, também tem seus homens-fortes. Um deles é o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Natanael Silva, empossado por decisão judicial, já que Cassol recusou-se a dar-lhe posse por suas ligações com Carlão. Empossado, Silva foi afastado por responder a processo por sonegação de impostos. Derrubou a decisão judicialmente e voltou ao cargo. Outro que pesa muito na balança do presidente da Assembléia é seu irmão, Moisés de Oliveira. É o estrategista de Carlão.

O governador tem repetido que a Assembléia já antecipou as eleições de 2006. Segundo o deputado Martelli, Carlão já disse que não tem interesse em candidatar-se e que resistiria, no caso de impeachment, a assumir o lugar de Cassol, até porque não tem cacife para candidatar-se a uma reeleição majoritária. Acreditando nisso, Martelli e os outros três deputados petistas estão, no momento, ao lado de Carlão. O interesse é que ele apóie, ou pelo menos não atrapalhe, a pretendida candidatura da senadora Fátima Cleide, do PT, em 2006.

A Folha de Rondônia faz um pesado ataque à senadora e à bancada federal do PT.

Cita-se novamente a Folha de Rondônia - o único diário a circular no interior do Estado - porque parte da mídia local tem um peso considerável nos interesses em jogo e na radicalização da crise. É o caso, além da Folha, dos jornais O Observador, por enquanto semanal e pró-Carlão, e Diário da Amazônia, simpático ao PT e anti-Cassol. Sua sede foi alvo recente da explosão de uma bomba, até hoje não esclarecida.

Cassol trava batalhas públicas com os dois jornais. No caso do Observador, foi processado, no STJ, pelo editor e diretor Everaldo Alves Fogaça, que o acusou de tê-lo ameaçado. Em decisão de fevereiro de 2004, o ministro Fernando Gonçalves arquivou o processo por falta de provas. Com o Diário da Amazônia a disputa é mais séria. Sua proprietária desde 93 é a família Gurgacz, dona da Empresa União Cascavel (Eucatur), detentora do monopólio do transporte intermunicipal no Estado.

Ivo Cassol mandou à Assembléia um projeto de lei que abre o setor à concorrência. Saudável à primeira vista, o projeto tem seus escaninhos. O primeiro beneficiado, porque já atuando irregularmente no transporte intermunicipal, seria seu aliado, o prefeito de Ouro Preto do Oeste, Irandir Oliveira Souza, preso algumas vezes e processado outras tantas.

O Estado não conseguiu falar com Cassol. O governador também é investigado pelo STJ por extração ilegal de diamantes na reserva Roosevelt, dos índios cinta-larga. Em abril do ano passado, 29 garimpeiros foram alvo de uma chacina. Quem acusa o governador é o doleiro Marcos Gilkas. Ele foi preso em março do ano passado com uma carga de diamantes. Disse que agia com consentimento de Cassol. O governador negou: "Eu denunciei a extração ilegal e a chacina e mais uma vez estou pagando por algo que não devo".