Título: Coréia pode instalar usina no País
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2005, Economia, p. B1

A iniciativa do governo brasileiro de anunciar, na semana passada, um pacote de incentivos fiscais para investimentos produtivos orientados para a exportação não chegou a convencer por completo a siderúrgica coreana Pohang Steel Corporation (Posco) a construir uma usina no Maranhão. Mas, pelo menos, levou a empresa a reavaliar sua tendência de optar pela Índia, em vez do Brasil. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assistir à assinatura de um memorando no qual a Posco se comprometerá a estudar a viabilidade dos seus investimentos no Maranhão e também de um acordo para a ampliação da capacidade de produção da joint venture que mantém com a Companhia Vale do Rio Doce em Vitória (ES) desde os anos 90, a Kobrasco. Os dois grupos pretendem também assinar um acordo confirmando sua intenção de contribuir para a criação de uma fábrica de placas de aço no município de São Gonçalo do Amarante, no Ceará.

A intenção da Posco em investir no Brasil havia sido anunciada em novembro de 2004, quando esteve no País o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-Hyun. No entanto, já naquela época, o presidente da Vale, Roger Agnelli, alertava para o risco de o investimento ser perdido por causa da elevada carga tributária brasileira. De fato, a siderúrgica coreana anunciou, recentemente, que trocaria o Maranhão pela Índia. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, pressionou Lula e seu colega da Fazenda, Antonio Palocci, a anunciar a "MP do Bem" antes da viagem à Coréia. Era uma chance de convencer os coreanos a mudar de idéia. O anúncio do estudo de viabilidade não garante o investimento, mas também não é um "não" definitivo ao Brasil.

Segundo o embaixador Mario Vilalva, diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, a chamada "MP do Bem" provocou dúvidas sobre o investimento da Posco na Índia, que era dado como certo na semana passada, e recriou as possibilidades de sua destinação ao Brasil.

Ainda não encaminhada ao Congresso, a MP suspende o recolhimento do PIS/Cofins durante cinco anos para os novos investimentos em indústrias que tenham 80% de sua receita em conseqüência de exportações. Não está definido, entretanto, se esse incentivo fiscal vai beneficiar também a ampliação de investimentos, como é o caso do aumento da produção da Kobrasco. Atualmente, a companhia produz 4,5 milhões de toneladas anuais em Vitória, mas deverá elevar esse volume para 6 milhões de toneladas.

Além desses acertos, o presidente Lula presenciará à assinatura do compromisso da coreana Kepco de investir US$ 1,5 bilhão na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil por um período inicial de sete anos. O Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmarão acordos igualmente com o Eximbank coreano.

Essa cerimônia se dará às 18 horas de hoje (6 horas, em Brasília), logo depois do discurso do presidente Lula no encerramento do seminário "Brasil-Coréia: Oportunidades de Negócios". Pela manhã, ele participará das cerimônias de abertura do 6.º Fórum Global sobre a Reinvenção do Governo, organizado pelas Nações Unidas, e da Exposição Internacional de Inovação.