Título: País não apresenta nenhum projeto novo
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2005, Economia, p. B3

O empréstimo de US$ 1,7 bilhão que o Japan Bank for International Cooperation (JBIC) deverá anunciar durante a passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Japão é um resultado pífio perto da anunciada intenção de retomar o ritmo da cooperação que já existiu entre o Brasil e o Japão antes da moratória brasileira nos anos 80. De acordo com fontes do meio empresarial japonês, esses empréstimos estavam negociados desde o governo passado e serão concedidos porque as garantias são boas: petróleo e minério de ferro. O Brasil, segundo essas fontes, não apresentou nenhum projeto novo para acessar linhas de crédito disponíveis no JBIC. A expectativa do empresariado japonês com a visita de Lula é, portanto, baixa. Do total a ser anunciado para o País, perto de US$ 1,2 bilhão será um empréstimo para a Petrobrás para a construção de dutos e instalação de plataformas. A parceria do Japão com a estatal brasileira vem de longa data. Já há alguns anos, a Petrobrás tem um escritório em Tóquio. Haverá, ainda, uma linha de crédito para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e um empréstimo à Vale do Rio Doce, para investimentos na logística de transporte de minério de ferro.

De acordo com as fontes, o JBIC tem interesse em financiar projetos da Vale e da Petrobrás para aumentar a gama de fornecedores de dois insumos estratégicos ao Japão: ferro e petróleo. E, como são duas commodities, o risco comercial é praticamente nulo.

Lula teria, dizem as fontes, desperdiçado a chance de colocar o relacionamento Brasil-Japão em outro nível ao deixar de apresentar, com a antecedência exigida pelos metódicos japoneses, projetos concretos de parceria em outras áreas. O mesmo JBIC tem linha de crédito mais barata do que a que será oferecida ao País durante a visita de Lula, justamente para dar assistência a países em desenvolvimento.