Título: Nome de Sayad para BID testa prestígio de Lula
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2005, Nacional, p. A9

A partir da próxima semana o Brasil terá oportunidade de testar a sua liderança regional quando disputará a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com o economista João Sayad. A vitória do candidato brasileiro é essencial para compensar o fiasco da derrota brasileira na disputa para a direção da Organização Mundial do Comércio, disseram fontes oficiais ao Estado. A candidatura brasileira tem forte respaldo interno, inclusive da oposição. O prefeito de São Paulo, José Serra, telefonou há dias ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e ofereceu-se para ajudar na campanha de Sayad.

O fato de o BID ser uma instituição financeira, da qual o Brasil é o segundo maior acionista, ao lado da Argentina, estimula o engajamento da equipe econômica na campanha. Uma comissão integrada por Palocci, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o diplomata Ruy Carlos Pereira, representando o Itamaraty, conduzirá as articulações.

O atual presidente do BID, o uruguaio Enrique Iglesias, de 73 anos, deixará o cargo que exerce desde abril de 1988, faltando quase três anos para o término de seu quarto mandato. Neste sábado, chanceleres do processo de cúpulas ibero-americanas anunciarão a escolha de Iglesias para ocupar um novo cargo de secretário-geral do grupo, em reunião marcada para Lisboa.

Após a oficialização da renúncia de Iglesias, os candidatos deverão se apresentar num prazo de 45 dias. A eleição deverá ocorrer na segunda quinzena de julho. Para vencer, o candidato terá de alcançar 51% do capital votante e o apoio de 15 dos 28 países-membros da instituição.

Sayad, que desde o ano passado ocupa uma das vice-presidências do BID, deverá licenciar-se para fazer campanha. Há pelo menos dois outros fortes concorrentes: o boliviano Enrique García, presidente da Confederação Andina de Fomento, e o embaixador da Colômbia nos EUA, Luiz Alberto Moreno, que tem importantes apoios em Washington. Os EUA comunicaram recentemente ao governo do Brasil e de outros países que os EUA, que controlam 30% do capital votante, ficarão inicialmente neutros.