Título: No documento conjunto, apelo contra armas nucleares
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2005, Economia, p. B1

O Brasil se mantém contra a proliferação das armas nucleares e defende que sejam eliminadas, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva às duas autoridades coreanas que visitou ontem: o presidente, Roh Moo-hyun e o presidente da Assembléia Nacional, Lee Man-sup. É um tema caro ao governo da Coréia do Sul, que tenta demover a Coréia do Norte a realizar testes da bomba atômica. Da visita a Seul, Lula saiu com uma promessa positiva em relação à ambição brasileira de conquistar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Se aprovada a proposta de ampliação do conselho, o presidente Roh informou que apoiaria o Brasil.

Além de conversar sobre a ameaça nuclear da Coréia do Norte com Roh e de incluir o tema no comunicado do encontro, Lula afirmou a Lee que a melhor opção seria utilizar os recursos do programa nuclear para as áreas de educação, saúde e combate à fome. "Temos uma posição clara contra a proliferação de armas nucleares. O mundo precisa de menos bombas e de mais emprego e comida."

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o Brasil defende a retomada, por um grupo de seis países - Estados Unidos, Japão, China, Coréia do Sul e Rússia -, das negociações para a busca de uma solução pacífica e diplomática. A Coréia do Norte se desgarrou do grupo. O presidente Roh tentará, no próximo dia 10, discutir uma saída com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em Washington. Amorim argumentou ainda que a repetição da posição do Brasil em Seul não criará problemas em Pyongyang.

O comunicado do encontro entre os dois presidentes não mencionou a hipótese do apoio ao ingresso do Brasil entre os membros permanentes do Conselho de Segurança. Definiu apenas que "ambos os países concordaram em trabalhar estreitamente" para "fortalecer e aprofundar a representatividade, legitimidade, eficácia e credibilidade do sistema das Nações Unidas".

VENEZUELA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que o Brasil não considera a participação no programa de cooperação nuclear proposto pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que incluiria o Irã. No último domingo, Chávez anunciou que iniciará pesquisas para desenvolver energia nuclear e que estará aberto à cooperação com a Argentina, o Brasil e países como o Irã.

Amorim destacou que o Brasil tem um programa de enriquecimento de urânio e ofereceu à Argentina e aos demais sócios do Mercosul a possibilidade de cooperação. Mas, destacou, as atividades no País têm fins pacíficos.