Título: Bate-boca nos bastidores da comitiva presidencial
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2005, Nacional, p. A8

A instalação da CPI dos Correios, na noite de quarta-feira, provocou um ligeiro choque entre governo e a oposição enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunia com o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi. De um lado, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), defendeu que a CPI fora aprovada com "pressa e malandragem". De outro, o senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO) pediu licença para rebater que a malandragem havia sido cometida nos Correios. O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados argumentou que a CPI dos Correios deverá paralisar e desestabilizar o governo federal e que será difícil mantê-la sob controle por falta de maioria de parlamentares aliados na sua composição.

Albuquerque defendeu que a oposição havia agido de forma apressada e malandra, ao ampliar o escopo da CPI na última hora, quando Siqueira Campos interveio, em tom polido.

"Queria dizer uma coisa, como pessoa do PSDB, respeitosamente, que a grande malandragem foi cometida dentro dos Correios por aquele funcionário. Vou preferir deslocar essa malandragem para o personagem principal", afirmou o senador, referindo-se ao ex-diretor do Departamento de Contratações da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). "Mas ele será punido. Se não foi malandragem, foi esperteza (da oposição)", rebateu Albuquerque. "É, mas o PT ajudou muito", arrematou o tucano.