Título: Histórico de oficiais bolivianos rebeldes inclui fraude e extorsão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2005, Internacional, p. A11

Herrera e Galindo, que exigiram renúncia de Mesa, têm passagens pela Justiça

Tráfico de influência, tentativa de homicídio, roubo e fraude são alguns dos antecedentes dos militares que exigiram na quarta-feira a renúncia do presidente boliviano, Carlos Mesa. Segundo analistas ouvidos pela agência EFE, eles querem se aproveitar da crise para se converter em líderes messiânicos. Os tenentes-coronéis Julio Herrera e Julio César Galindo, em nome de um suposto movimento militar, se ofereceram para liderar o governo, ampliando os rumores de golpe.

Mas a imediata rejeição das Forças Armadas ao pronunciamento e a revelação dos maus antecedentes dos dois oficiais favorecem a idéia de que a ordem democrática será mantida.

Galindo foi condenado por extorquir e fraudar em US$ 150 mil um grupo de oficiais, sendo reincorporado com base numa liminar. Segundo o diretor do Observatório de Democracia e Segurança da Universidade da Cordilheira, Juan Ramón Quintana, Galindo também tem antecedentes de indisciplina e sanções pela má gestão econômica da Corporação de Seguros Militares e tráfico de influência." Quintana acrescentou que o outro oficial rebelado, Julio Herrera, também tem "credenciais de indisciplina e um rosário de sanções por baixo rendimento". Foi acusado do roubo de uma pistola e do assalto a um tesoureiro militar em 1987. Foi absolvido depois com o respaldo de políticos.

Ontem, as manifestações que isolam La Paz desde segunda-feira foram suspensas em razão de uma trégua pelo feriado de Corpus Christi.