Título: Governador: atraso em obra afetou Tietê
Autor: Bárbara Souza
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2005, Metrópole, p. C1

Alckmin diz que danos a máquinas com

enchente não vai prejudicar cronograma

O governador Geraldo Alckmin admitiu ontem que o atraso no aprofundamento da calha do Tietê - a previsão inicial de entrega era agosto de 2004 - pode ter contribuído para o transbordamento do rio. Alckmin ressaltou que as chuvas de terça e quarta-feiras foram atípicas. Mas disse que, com as obras concluídas, talvez o Tietê não tivesse transbordado ou a cheia fosse menor. Ele garantiu ainda que as obras não serão afetadas pelo fato de a chuva ter danificado equipamentos e arrastado detritos para o leito do rio. O governador destacou que a vazão na altura do Cebolão subiu de 600 metros cúbicos por segundo para 1.024 m3 com a obra. Disse, porém, que, além da chuva atípica, obstáculos no curso do rio reduziram a capacidade de escoar a água. "Há vários pontos de estrangulamento do Tietê, porque não conseguiram ainda explodir algumas rochas, tirar material do rio."

Segundo o secretário de Energia e Recursos Hídricos, Mauro Arce, o Rio Pinheiros também transbordou porque as bombas da Usina de Traição foram insuficientes para drenar a água. Elas bombearam água para a Represa Billings, principal manancial da cidade - só parte desse volume já fora tratado pela Sabesp. "Perguntaram por que não abrimos as comportas (de Traição). Porque aumentaríamos a enchente no Tietê." Entre 16 horas de terça e a noite de quarta, o volume bombeado era de 380 m3/s. "Imagina se tivéssemos jogado esses 380 m3 a mais no Tietê", afirmou Arce.

Quanto aos danos, Alckmin disse que a enchente afetou equipamentos importantes para o aprofundamento da calha no lote 3, entre as Pontes do Tamanduateí e da Dutra: duas barcaças, uma escavadeira hidráulica e duas draglines (máquinas que fazem escavação na beira do rio, fora da água). Todo o maquinário tinha seguro.

Alckmin reuniu-se ontem com representantes de empreiteiras dos quatro lotes da obra no Tietê e engenheiros do governo, que concluirão hoje a avaliação dos prejuízos. "Vamos verificar também se na margem esquerda do rio algum trecho foi danificado."

Arce disse que hoje será feita a medição do material arrastado para o Tietê, mas o governo não terá gastos com a limpeza. Ele afirmou ainda que a chuva trouxe algum benefício. "Não há risco de racionamento de água este ano."

Os lotes 3 e 4 - este vai da Ponte da Dutra à Barragem da Penha - são os com maior atraso nas obras. Faltam ser retirados 380 mil metros cúbicos de rocha e material assoreado no lote 3 e 400 mil m3 no 4. Enquanto isso, nos lotes 1 e 2 - um trecho de 12 quilômetros, na zona oeste - faltam ser retirados 120 mil m3 em cada um. Mesmo assim, o governo espera entregar a obra até o fim do ano.