Título: Planalto tem favorito para sucessão de Fonteles
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2005, Nacional, p. A10

O subprocurador Antônio Fernando Barros de Silva de Souza é o favorito do Palácio do Planalto para substituir Claudio Fonteles no posto de procurador-geral da República. Ao voltar de sua viagem pelo Oriente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá confirmar a escolha. Mas outros dois subprocuradores, Wagner Gonçalves e Eitel Santiago de Brito Pereira, tiveram os nomes submetidos ao crivo do governo. E Gonçalves levou a melhor. Ele deverá ser indicado como o número dois de Antônio Fernando no Ministério Público. Na corregedoria do MP, o nome mais forte é do subprocurador Rodrigo Junot. Ocupado atualmente por Cláudio Fonteles, o cargo é considerado estratégico pelo governo, pois cabe ao procurador pedir a abertura de investigações e processos criminais contra autoridades, como ministros de Estado, parlamentares e até o presidente da República. Especialista em direito penal e aclamado pela oposição depois de ter pedido a abertura de inquéritos contra o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência Social, Romero Jucá, Fonteles deixará o posto no dia 30 de junho, quando termina o mandato, de dois anos.

PALATÁVEL

Depois da experiência passada com Fonteles e da recente crise instalada com a CPI dos Correios, o governo deseja um procurador com perfil mais palatável do que o do atual procurador. Conservador, Antônio Fernando foi considerado a melhor opção para um governo que não deseja um Ministério Público tão duro como nos tempos de Fonteles. Os subprocuradores Ela Wiecko de Castilho e Eitel Santiago de Brito Pereira, que também são candidatos ao cargo de procurador-geral, têm menos chances de emplacar.

Antônio Fernando de Souza já era o candidato preferido do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em 2003, quando Fonteles foi o escolhido. Nos últimos tempos, Antônio Fernando tem sido visto com freqüência circulando por gabinetes do Ministério da Justiça.

Além disso, ele é o candidato com maior apoio da categoria. Em consulta feita pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Antônio Fernando ficou em primeiro lugar. Conforme o site da ANPR, ele afirmou: "Proponho-me, com o equilíbrio e a firmeza que a função exige, manter a respeitabilidade do cargo de procurador-geral da República, promover a defesa permanente de todas as prerrogativas e garantias da instituição e dos seus membros, e executar uma política administrativa que facilite e qualifique a efetividade da atuação do Ministério Público Federal, mediante a modernização dos mecanismos de apoio ao trabalho institucional."

Wagner Gonçalves ficou em segundo lugar na consulta e, em suas propostas, falou sobre a função de investigar. Segundo o site da ANPR, ele se comprometeu a "continuar atuando, como vem fazendo o colega Cláudio Fonteles, para obter decisões importantes no STF, por exemplo, sobre investigação criminal, constitucionalidade da lei que estabeleceu a prerrogativa de foro para ex-autoridades e para ações de improbidade". Ao falar sobre o trabalho no STF, Souza foi menos direto e objetivo: "As atuações perante o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral devem ser guiadas pelo propósito de assegurar o máximo de efetividade às pretensões deduzidas."