Título: Para a OCDE, Brasil vai crescer 3,7% este ano e 3,5% em 2006
Autor: EFE
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2005, Economia, p. B3

A economia brasileira, que com 5,2% teve em 2004 o maior crescimento em 10 anos, crescerá 3,7% em 2005, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que revisou para alta de um décimo suas estimativas no relatório semestral de "Perspectivas Econômicas" divulgado ontem. Em 2006, o recuo em relação a 2004 será ainda maior, com uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% que de toda forma continuará sendo satisfatória, aponta a OCDE, num capítulo de seu relatório dedicado a vários países não-membros.

"A demanda interna continuará sendo, sem dúvida, o motor do crescimento, embora também contribuam positivamente os intercâmbios com o exterior, sinal de melhora da capacidade de resistência da economia", diz o texto. Os autores do relatório destacaram a necessidade de prudência na ação pública, "e se for possível", um maior rigor orçamentário.

O relatório indicou que os resultados do ano passado foram melhores que o previsto, com um superávit orçamentário primário de 4,7% do PIB, que permitiu reduzir em 5 pontos a relação entre a dívida pública e o PIB para 52%.

Para este exercício, o excedente ficará em 5,2% do PIB, mas o déficit orçamentário global aumentará de 2,7% em 2004 para 3,8% do PIB em 2005, segundo a OCDE. A organização lamenta que "a política orçamentária seja um pouco menos rigorosa do que o desejável", o que poderia obrigar um recurso à ação monetária.

A organização cita vários riscos que ameaçam suas previsões: no terreno interno, as tensões inflacionárias causadas pela alta do preço do petróleo e das matérias-primas, e no externo, uma possível mudança nas condições que hoje tornam atrativo o investimento nos mercados emergentes.

No que se refere às reformas estruturais, o documento assinala que o ambicioso programa iniciado sobretudo no terreno fiscal "deverá conseguir a adesão de todos, se as autoridades quiserem melhorar o clima de investimento e permitir que o Brasil explore plenamente seu potencial de crescimento a longo prazo".

No mesmo capítulo dedicado às economias dos não-membros da OCDE, os autores do estudo afirmam que na América Latina "o dinamismo da demanda, favorecido pela recuperação do emprego e dos salários, segue alimentando o crescimento".

No ano passado, a região teve uma progressão do PIB superior a 5% e alcançou seu melhor nível em 20 anos.

Sobre a China, a entidade estima que após um aumento de sua economia de 9,5% em 2004, o ritmo será de 9% este ano e voltará a acelerar para 9,2% em 2006.