Título: Juros e incerteza reduzem otimismo dos empresários
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2005, Economia, p. B7

As incertezas sobre a economia e os juros em alta reduziram a taxa de crescimento dos investimentos empresariais previstos para este ano, constata a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, apurada em abril e divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Pela pesquisa, o otimismo dos empresários brasileiros teve recuo de 3 pontos porcentuais entre outubro do ano passado e abril, passando de 63% para 60% no mesmo período em que a taxa básica de juros do País cresceu. "Houve uma mudança suave entre outubro e abril, no sentido de haver menos empresas projetando mais investimentos do que no ano passado. Isso demonstra uma tendência que pode ocorrer nos próximos meses", afirma o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Ibre/FGV, Aloisio Campelo. Como principais fatores para a redução, o economista aponta a incerteza sobre a taxa de crescimento econômico em 2005 e a política fiscal austera do governo. Esses fatores aparecem no porcentual de empresas que pretendem reduzir investimentos: passou de 9% para 11%. Responderam sobre esse tema 685 empresas, que respondem por 60% do mercado.

Entre os setores com redução mais acentuadas na intenção de investir estão metalurgia (de 82% para 59%), materiais elétricos e de comunicação (de 70% para 50%) e têxtil (de 66% para 40%). No sentido inverso, estão as empresas de química (de 68% para 85%), produtos farmacêuticos (de 35% para 78%) e vestuário e calçados (de 33% para 65%).

Para o economista Samuel Pessoa, da Escola de Pós Graduação em Economia (EPGE), da FGV, os resultados da pesquisa mostram que a indústria busca manter um patamar mais acelerado de investimentos, alcançado em 2003. "O dado mais positivo é a natureza dos investimentos, que serão voltados para aumentos de eficiência e capacidade", disse.

Segundo a Sondagem Conjuntural, do universo da pesquisa (1093 empresas), 52% responderam em abril que o principal objetivo do investimento é ampliar a capacidade de produção, o melhor resultado para esse quesito desde 1998. No mesmo período do ano passado, a taxa era de 41%; em 2003, 30%. O aumento da eficiência produtiva foi o segundo maior destaque entre os objetivos de investir em 2005, com 26% das respostas (eram 38% em 2004 e 43% em 2003).

A pesquisa apontou ainda que a carga tributária elevada foi o maior entrave para ampliar investimentos, com 46% das respostas (eram 39% no ano passado). As incertezas em relação à demanda ficaram com 33% (28% em 2004). O custo dos financiamentos foi lembrado por 20% (19% no ano passado).