Título: Comprar Valepar foi lucrativo para o BNDES
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2005, Economia, p. B11

A rentabilidade das ações da Valepar e a distribuição de dividendos da Vale do Rio Doce significaram para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um ganho de mais de R$ 1,3 bilhão desde novembro de 2003, quando foi efetivada a polêmica compra pelo banco de participação na Valepar, controladora da Vale. "Considerando o período curto, a Vale teve uma valorização muito relevante na carteira da BNDESPar, de 53,3% desde a aplicação", diz o gerente da área de Mercado de Capitais do banco, Caio Melo, referindo-se só ao rendimento das ações. Segundo ele, a participação de 8,5% no capital da Valepar, adquirida por R$ 1,5 bilhão, "preço em linha com o valor de mercado", está avaliada em R$ 2,3 bilhões, considerando a média dos últimos 20 pregões da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ele não revela quanto o banco já recebeu em dividendos, alegando que a Valepar não é uma empresa de capital aberto.

Pelas estimativas de mercado, dos cerca de R$ 3,6 bilhões distribuídos pela mineradora aos acionistas neste período (em quatro liberações em 2004 e uma este ano), o BNDES recebeu um total de R$ 277 milhões, referentes à parcela que detém na Valepar e também aos 4,8% do capital total que detém diretamente na Vale. Juntando com os rendimentos da participação adquirida em 2003, chega-se ao ganho de R$ 1,3 bi. Sem contar com a própria valorização da participação que o banco já detinha antes na Vale.

De novembro de 2003 até agora, a ação ordinária (ON) da Vale passou de R$ 39,09 para R$ 70,30, uma rentabilidade de 80%, lembra Pedro Galdi, analista da Real Corretora. "Penso que as críticas na época da aquisição das ações da Valepar pelo BNDES eram mais relativas ao temor de uma possível interferência do governo no controle da empresa do que ao negócio em si, que foi muito bom."

Galdi está trabalhando agora na revisão das projeções para o resultado da Vale. Ele havia projetado um lucro líquido de R$ 9,4 bilhões, mas acha que esta estimativa deve sofrer uma alteração "bem representativa para cima". "Os resultados virão mais fortes a partir do segundo trimestre, mas não devemos esquecer que a empresa está com um programa de investimentos muito pesado para este ano, de US$ 10,3 bilhões", ponderou.

Cristiane Viana, da Ágora corretora, está mais otimista. Ela havia previsto lucro de R$ 12 bilhões para a Vale e também está revendo para cima as projeções.