Título: PSDB decide preservar Alckmin e Aécio e escolhe candidato em novembro
Autor: GUilherme Evelin e Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2005, Nacional, p. A8

O PSDB não vai jogar para ampliar o espectro de atuação da CPI dos Correios, disse ontem ao Estado o líder do partido na Câmara, deputado Alberto Goldman. "Não temos nenhuma intenção de transformar a CPI dos Correios em CPI do Lula", afirmou ele, garantindo que a intenção dos tucanos é centrar a investigação na denúncia de corrupção na estatal. Ele disse esperar que o âmbito de atuação da CPI "não desborde dos limites estabelecidos".

Um dos presidenciáveis tucanos que esteve no jantar de anteontem, em Belo Horizonte, confirmou que o PSDB está preocupado com a fragilidade da base de sustentação do governo Lula e que os tucanos não estão apostando na tese do "quanto pior, melhor". Outro deles disse ontem que os governadores do PSDB não vão contribuir para aumentar a crise que envolve o governo e sua base aliada no Congresso.

O líder do PSDB na Câmara disse ter constatado, nos últimos dias, que o governo está assustado com a criação da CPI e a possibilidade de que os parlamentares ampliem o espectro de investigação depois de instalada a comissão. Ele lançou mão de um velho bordão da política para lembrar que "se sabe como uma CPI começa, mas não como ela acaba". Para ele, no entanto, quem limita o âmbito de investigação é a Constituição, segundo a qual a CPI é criada para investigar casos determinados.

ENFRAQUECIMENTO

Goldman contou que no jantar no Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte, o alto comando tucano examinou a situação política do País, tendo como anfitrião o governador Aécio Neves. A avaliação final foi de que o governo se enfraqueceu rapidamente nas últimas semanas, a ponto de propiciar, sem capacidade de reação, a criação de uma CPI para um fato muito menos letal do que o episódio Waldomiro Diniz, cuja possibilidade de CPI, à época, foi bloqueada.

"Não somos nós que estamos criando os fatos negativos. Os fatos surgiram espontaneamente, sem que tivéssemos feito nada para serem mais ou menos graves", disse Goldman. Ele lembrou que no caso Waldomiro Diniz, revelado há 1 ano e 3 meses, não houve CPI, nem qualquer esclarecimento convincente. "Até hoje a Polícia Federal não acabou de investigar, o Ministério Público não conseguiu denunciar e a Justiça não começou a julgar. Se quiséssemos criar um clima ruim, era só insistir nesse tipo de cobrança", assinalou o deputado paulista.

Segundo ele, o PSDB não está fazendo uso político do episódio dos Correios, até porque o grande embate com o PT só começará daqui a um ano. "Nós não marcamos data para o chefe de departamento dos Correios fazer aquelas confissões absurdas. Portanto, não cabe nenhuma acusação de que estamos aguçando alguma coisa. Nós estamos, tão somente, cumprindo o nosso papel fiscalizador de oposição", finalizou.