Título: Desequilíbrio emperra Mercosul, alerta presidente do BC argentino
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2005, Nacional, p. A5

BASILÉIA - O presidente do Banco Central da Argentina, Martin Redrado, adverte que o Mercosul não conseguirá avançar na integração e os problemas setoriais continuarão enquanto as assimetrias entre seu país e o Brasil não forem resolvidas. "Não há condições iguais de competição", disse ontem, na Basiléia (Suíça) Há um ano, Redrado era o principal negociador da Argentina para o Mercosul e chegou a chefiar delegações do bloco nas negociações com outros países. Redrado diz defender o Mercosul, mas admite que ele está num momento de definição e critica a desigualdade na concorrência entre os dois países por investimentos. "O Brasil dá vantagens como os subsídios estaduais. Os Estados dão terra para empresas que queiram investir e promovem redução de impostos", afirmou. "Além disso, instituições como o BNDES financiam várias atividades de empresas brasileiras. Nós não contamos com esses mecanismos. Enquanto essas assimetrias para a atração de investimentos e de produção não estiverem solucionadas, continuaremos a ter problemas setoriais."

Para ele, uma das opções seria o estabelecimento de uma nova instituição financeira regional capaz de corrigir essa realidade. Apesar de deixar claro que uma integração macroeconômica está longe de se tornar uma realidade, Redrado reconhece que nos últimos anos Brasil e Argentina vêm adotando algumas políticas similares, entre elas a adoção do câmbio flexível, prudência monetária e política comercial agressiva.