Título: Recursos vão para os que têm pior índice
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2005, Nacional, p. A6

Notas e média de anos na escola dos beneficiados são as mais baixas do País

BRASÍLIA Os 10 Estados que receberão mais recursos da União com a criação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) são os que ostentam os piores índices educacionais do País e cujas populações têm a mais baixa média de anos de estudo.

A nota técnica preparada pelo Ministério da Educação para justificar a criação do fundo mostra, por exemplo, que esses 10 Estados tiveram resultados abaixo da média nacional no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) realizado em 2003, tanto em português quanto em matemática.

Os estudantes da 4.ª série do ensino fundamental, nesses Estados, fizeram, em média, 153 pontos na avaliação de português e 159 em matemática, contra uma média nacional de 169 em português e 177 em matemática. Do outro lado, os 17 Estados que não precisarão de complementação federal porque seus investimentos ficarão acima da média nacional, também tiveram resultados na prova superior à média brasileira.

A diferença em relação aos Estados mais pobres chega a ser de 28 pontos na média, em matemática, e 25 pontos em português. Os 10 Estados beneficiados são Maranhão, Pará, Piauí, Ceará, Bahia Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Amazonas. Eles têm, também, uma população menos presente à escola: enquanto a média nacional é de 6,3 anos de estudo, nesses 10 esse índice não passa de 4,9 anos - ou seja, um total de anos pouco superior ao da 4.ª série primária.

AVANÇOS

De modo geral, a maior parte dos brasileiros não completa nem mesmo o ensino fundamental (oito anos de estudo). Desde a criação do Fundeb, em 1996, os Estados do Nordeste e do Norte tiveram avanços consideráveis nos índices de educação, especialmente no acesso à escola. No entanto, ainda estão muito atrás do Sul e do Sudeste.

O governo federal está apostando alto no novo fundo para reduzir diferenças regionais, mas dinheiro não é tudo nessa batalha. A falta de professores, principalmente no ensino médio, é outro desafio que não pode ser superado no curto prazo.