Título: Aeronáutica também entra na briga por reajuste de salários
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2005, Nacional, p. A7

Brigadeiro Frota aponta insatisfação da tropa com demora em receber os 23%

BRASÍLIA O presidente do Clube da Aeronáutica, brigadeiro Ivan Frota, fez coro ao presidente do Clube Militar, general Luiz Gonzaga Lessa, e passou a cobrar aumento salarial para as Forças Armadas. "Há insatisfação muito grande no meio militar e estamos todos na expectativa de que o presidente Lula tenha a sensibilidade de conceder o reajuste, porque houve uma promessa por parte do governo que não foi cumprida", disse o brigadeiro.

"Mesmo que a promessa tenha sido feita por outro ministro (José Viegas), ele era legítimo representante do governo e estava prometendo em nome do governo." No ano passado, foi negociado reajuste de 33% aos militares: 10% em setembro, que foram pagos, e 23% em março, que não foram.

CONSEQÜÊNCIAS

Enquanto o presidente do Clube Militar diz que as Forças Armadas estão descontentes, Frota prefere não falar em conseqüências do não atendimento da promessa. "Pode acontecer tudo, mas pode não acontecer nada, porque os militares são muito disciplinados e ainda estão aguardando que a promessa seja cumprida."

Para Lessa, o não cumprimento da promessa enfraquece a autoridade de toda a cadeia de comando. E nisso ele inclui dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ao presidente Lula. "Nós temos visto que o ministro da Defesa (o vice-presidente José Alencar) e o comandante do Exército (Francisco Albuquerque) têm brigado insistentemente pela recomposição dos salários. O problema é que eles não encontram eco nem no presidente da República nem na área econômica e isso é muito grave", reclamou. "A frustração é imensa e não se resume ao pessoal da reserva, é de todo o segmento da tropa."

Uma preocupação de setores do governo, particularmente da cúpula militar, é com o início de manifestações de descontentamento de pessoas que têm o respeito da tropa, pois temem que isso possa contagiar e encorajar outros insatisfeitos. Lessa e Frota estão apenas dizendo o que os demais não podem falar diretamente, assim como as mulheres dos militares, que têm feito protestos em Brasília.

Elas reclamam do "desprezo" do governo e prometem "infernizar" a vida de Lula. Agora, estão mandando fazer faixas em árabe e espanhol para que as autoridades estrangeiras que vierem para a Cúpula América do Sul e Países Árabes saibam da situação de penúria das Forças Armadas, segundo a presidente de uma das associações, Ivone Luzardo.