Título: 'Não vão tirar o Brasil da rota', diz Palocci
Autor: Denise Chrispim Marin e João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2005, Espaço Aberto, p. A4

A preocupação do governo em evitar que a CPI dos Correios se transforme em palanque eleitoral para a oposição foi demonstrada ontem, em Tóquio, pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "Tenho certeza que, na atuação parlamentar, há cuidado da base para evitar que a CPI se transforme em um palanque eleitoral. O governo está zelando por isso, porque prejudicaria o País", disse, após os discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que blindado, determinou a Palocci que falasse aos jornalistas brasileiros que acompanham a viagem ao Japão. "Eventuais conflitos políticos são reais, temos de admiti-los e dialogar com essa perspectiva. Não vão tirar o Brasil de uma rota muito forte, muito certeira e muito segura de crescimento e de estabilidade econômica", reiterou.

Na avaliação do ministro, apesar da tensão política da semana, observou-se "uma grande normalidade" no campo econômico, com evolução positiva da taxa de risco País e nenhuma alteração na taxa de câmbio. Enfatizou ainda que esse comportamento não significa que a economia é alheia aos conflitos políticos, mas que os fundamentos macroeconômicos "estão bastante sólidos".

O governo, acrescentou ele, encarou com seriedade a denúncia de corrupção, abriu sindicância para apurar o que ocorreu no terceiro escalão da Empresa de Correios (ECT) e demitiu envolvidos.

FOGO AMIGO

Cuidadoso ao dizer aos jornalistas que falaria sobre o comportamento do PT na aprovação da CPI como ministro do governo, e não como petista, Palocci afirmou que não havia recebido "nenhuma orientação para vincular o Tesouro Nacional ao embate do governo no Congresso". Entretanto, o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) registrou a liberação de R$ 900 mil em emendas parlamentares, na quarta-feira, dia em que foi confirmada a criação da CPI.

O ministro disse que havia participado da elaboração do decreto que previu a liberação dos recursos orçamentários, destinados para as agências reguladoras, as áreas de defesa sanitária e fitossanitária e Saúde. "Em nenhum momento se vinculou a liberação a qualquer processo político, mas às demandas dos ministérios. Eu digo isso porque é minha área. Se houvesse qualquer movimento no Tesouro, eu saberia."

Palocci não acredita que a tramitação no Congresso do pacote de desoneração tributária, a chamada MP do Bem, seja paralisada pela CPI. "Apesar do calor dessa discussão política, o Congresso tem maturidade e não vai paralisar um projeto vinculado ao crescimento do País."