Título: Cristovam defende dissidentes
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2005, Nacional, p. A9

BRASÍLIA - Em solidariedade aos petistas que assinaram o pedido de abertura da CPI dos Correios, o senador Cristovam Buarque (PT-DF) ameaçou ontem entregar o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, caso o comando do PT insista em punir seus colegas rebeldes. "Eu me ponho ao lado dos meus companheiros", disse Cristovam, em discurso da tribuna do Senado. Ex-ministro da Educação do governo Lula, Cristovam sempre defendeu a CPI, mas acatou a recomendação da maioria da bancada petista no Senado de não subscrever o requerimento.

O senador disse que, pelo estatuto do PT, não cabe nenhuma punição aos dissidentes petistas, já que o diretório nacional apenas recomendou que os parlamentares não apoiassem a instalação da comissão. "Não houve determinação. Se alguém for punido, por força de Zé Dirceu, eu também tenho de ser punido, porque eu sempre me posicionei a favor da CPI dos Correios. Eu apenas não assinei em respeito à posição majoritária da bancada do Senado." Na última reunião da bancada, na quarta-feira, o ex-ministro foi voto vencido ao defender apoio à CPI. No encontro comandado pelos líderes petistas Delcídio Amaral (MS) e Aloizio Mercadante (SP), seis senadores manifestaram-se a favor da CPI e sete votaram contra.

Apesar de se solidarizar com os 15 parlamentares ameaçados de punição, Cristovam não poupou críticas ao senador Eduardo Suplicy (SP). Para ele, o senador "quis aparecer" ao romper acordo com um grupo de cinco senadores - Paulo Paim (RS), Serys Slhessarenko (MT), Flávio Arns (PR) e Ana Júlia Carepa (PA). Apesar da posição majoritária da bancada, os seis haviam decidido assinar o requerimento de abertura, caso sua instalação fosse irreversível, pouco antes de 0h. Suplicy não cumpriu o combinado e assinou o pedido de CPI às 20h.