Título: Super Tucano passa em teste na selva
Autor: Liege Albuquerque
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2005, Nacional, p. A10

SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA - O A-29, ou Super Tucano, teve uma performance considerada perfeita em sua estréia na região de destino para sua vocação de aeronave interceptadora e de ataque: a Amazônia e seu tráfego aéreo na fronteira colombiana. A Operação Colômbia/Brasil (Colbra 1) - que fez exercícios de interceptação de vôos de aeronaves na fronteira dos dois países durante uma semana e acabou ontem em São Gabriel da Cachoeira, a 858 quilômetros de Manaus - também pode resultar em uma encomenda do avião fabricado pela Embraer pela Força Aérea Colombiana. Embora tenha negado notícias veiculadas em jornais colombianos de que o governo da Colômbia teria dado preferência à Embraer em uma licitação aberta recentemente para a compra de aviões, o comandante da Operação Colbra do lado colombiano, major-general Julio Armando Guzmán Rios, elogiou o A-29.

"Não daremos preferência a nenhum país na licitação. Mas o A-29 faz vôos noturnos de interceptação com a mesma performance que os diurnos, o que é uma grande vantagem na luta contra o narcotráfico", disse.

A Aeronáutica brasileira fez um investimento de US$ 400 milhões em 79 Super Tucano. Seis já foram enviados à base de São Gabriel, para dar continuidade às operações na fronteira, depois do exercício Colbra 1.

O Super Tucano, que na conclusão da Colbra 1 fez uma simulação de interceptação do Brasília da Aeronáutica onde a reportagem viajava no início da tarde, tem autonomia para até 9 horas de vôo. O avião chega a ficar a dois metros da asa do alvo. Seu antecessor no estilo, o Tucano, só chega a 10 metros da aeronave inimiga.

"Essa aproximação é a penúltima fase da interceptação, quando o piloto avisa para descer. Senão, vem o primeiro tiro de aviso, segundo a Lei do Tiro de Destruição", explicou o comandante brasileiro da operação, major-brigadeiro Atheneu Francisco Terra de Azambuja. O A-29 tem metralhadoras acopladas às asas, com calibre superior às do Tucano. Além disso, pode levar até duas bombas e um tanque de combustível, ou uma bomba e um míssel e o combustível, embaixo das asas e do corpo do avião.

Segundo o tenente Claudomiro Feltran Júnior, que participou da operação num Super Tucano, sua performance, comparada à do Tucano, é "infinitamente superior". "Os instrumentos de navegação são avançados, com uma capacidade de transmissão de dados em tempo real", disse. Para ele, o novo avião não aposenta o Tucano, que deve ser usado em exercícios na África.

Do lado brasileiro, o exercício teve o valor estimado de R$ 1,3 milhão, previstos no orçamento da Aeronáutica. A Colômbia não divulgou o quanto gastou com a Operação Colbra 1.