Título: CMN não vai rever meta de inflação deste ano, diz Palocci
Autor: João Caminoto e Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2005, Economia, p. B4

TÓQUIO - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que não há nenhuma possibilidade do Conselho Monetário Nacional (CMN) rever a meta inflacionária de 4,5%, estabelecida para 2006. "Em junho, o CMN vai definir a meta para 2007, a de 2006 não está em discussão", afirmou Palocci. Com isso, ele pôs fim às expectativas de pessoas - o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf entre elas - que querem uma meta de inflação mais alta, como forma de abrandar a política de juros do Banco Central (BC).

Palocci vai conversar com Skaf nos próximos dias. O ministro explicou que o presidente da Fiesp sugeriu que as questões relacionadas com inflação sejam debatidas mais amplamente. "Por isso, coloquei-me à disposição da Fiesp para discutir o assunto e farei o mesmo com outras entidades que quiserem dialogar com o Ministério da Fazenda", disse. "As metas não são do ministério, são do País." O CMN decidirá em junho a meta de inflação para 2007 e a tendência é que seja fixada em 4,5%. O próprio governo antecipou essa direção, quando enviou ao Congresso seu projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2006. O projeto contém projeções de cenário econômico para 2006 e 2007 e a inflação projetada para 2007 é de 4,5%.

O ministro disse ainda que a política de juros do Brasil responde ao comportamento da inflação. "Estamos trabalhando para que esse comportamento seja benigno", acrescentou, ao ser questionado sobre a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem.

Palocci ressaltou ainda a melhora no desempenho das contas da Previdência Social, que em abril apresentou um déficit de R$ 2,013 bilhões, o menor dos últimos 12 meses, em parte graças à contenção de gastos com o auxílio-doença. "A queda na curva de gastos da Previdência já está acontecendo e vai render frutos positivos para o País no curto prazo", afirmou.

Segundo ele, a economia na Previdência poderá abrir espaço para três ações que podem ser adotadas pelo governo: fortalecimento na poupança doméstica (elevação do superávit primário), aumento dos investimentos em infra-estrutura e redução de impostos. "Ou seja, a queda nos gastos da Previdência nos abre um leque de ações positivas para o País."