Título: Dólar fecha abaixo de R$ 2,40
Autor: Silvana Rocha, Patrícia Yakabe e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2005, Economia, p. B9

O dólar rompeu a barreira dos R$ 2,40, em queda de 1,08% para R$ 2,384, a menor cotação desde 30 de abril de 2002 ( R$ 2,362), e só não recuou mais porque não houve fluxo de entrada positivo. O mercado paralelo não operou. O Ibovespa teve alta de 3,17%, puxado por Wall Street, os juros futuros projetaram queda, o risco país subiu 0,24%, para 418 pontos, e o C-Bond ganhou 0,12%, vendido com ágio de 2,125%. A subida das Bolsas americanas ajudou a Bovespa e estimulou o aumento da oferta de moeda americana. Em meio à liquidez reduzida e à pressão dos "vendidos" na rolagem de contratos de dólar futuro, as cotações cederam. Segundo operadores, tudo indica que o comercial poderá cair mais no início da semana, se os cenários externo e interno continuarem favoráveis. É que na segunda-feira a liquidez poderá ser novamente fraca por causa do feriado nos EUA (Memorial Day). Também não haverá negócios em Londres. E na terça-feira será formada a taxa média do comercial (ptax) que será usada no dia seguinte na liquidação do dólar futuro de junho.

Como a maioria dos investidores apostou na baixa das cotações, o mercado calcula que o dólar poderá buscar o piso de R$ 2,35 até terça-feira. Se romper esse patamar, o próximo suporte esperado é o de R$ 2,15. Mesmo assim, não se espera o retorno do Banco Central às compras tão cedo. Para completar, as emissões fechadas pelo Bradesco (US$ 300 milhões em bônus perpétuo de dívida subordinada) e Braskem (US$ 150 milhões em bônus de 10 anos) irrigam ainda mais o mercado.

O mercado cambial reagiu com neutralidade à instalação da CPI dos Correios mas se animou com a elevação, pelo banco Merrill Lynch, da recomendação da dívida brasileira para peso "acima da média".

A Bovespa teve um volume financeiro de R$ 1,07 bilhão, que pode ser considerado excelente para uma sexta-feira subseqüente a um feriado. O pregão foi marcado pela presença de estrangeiros nas compras, especialmente de papéis de siderurgia e mineração, devido ao comentário do Merrill Lynch de que os setores continuam atraentes, mesmo com a recente retração dos preços.

Na quarta-feira, as ações dessas empresas amargaram forte queda em reação ao banco de investimento UBS, que reduziu a projeção de preços do aço laminado a quente para 2005 e 2006.