Título: Apesar de denúncia, líder do governo fica no cargo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2005, Nacional, p. A8

O senador Fernando Bezerra (PTB-RN) disse ontem que não entregará o cargo de líder do governo no Congresso por conta da reportagem da Veja na qual ele próprio atribui a demora da nomeação de Ezequiel Ferreira de Souza, seu afilhado político, na diretoria de Tecnologia dos Correios, a um esquema de licitação fraudulenta na empresa. "Não vejo razão até agora que me faça entregar o cargo. Não agredi o governo em nada", afirmou o senador, antes de se reunir com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, no Palácio do Planalto. O encontro foi rápido e Bezerra reafirmou que pretende permanecer líder.

Fernando Bezerra chegou ao Congresso por volta de 17 horas e se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Cercado pelos jornalistas, Bezerra, que passou o feriado no exterior, estava tranqüilo. Deixou claro que suas declarações à revista "são imutáveis" em relação às idas e vindas do governo na nomeação do afilhado. A interlocutores políticos, Bezerra contou que dera a entrevista há 15 dias quando falou da luta para nomear Ezequiel, primeiro no Banco do Nordeste, depois, nos Correios.

Antes de viajar na quinta-feira, dia seguinte ao da criação da CPI dos Correios, o senador ainda tentou, em vão, conversar com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, para saber os motivos que levaram o governo a adiar a nomeação. Não conseguiu. O senador já estava incomodado com a justificativa do ministro no programa Roda Viva, da TV Cultura, para a não nomeação de Ezequiel. Dirceu alegou motivos de competência técnica.

O líder do governo no Congresso enfatizou que não se sentia constrangido em permanecer no cargo. "Se eu estivesse constrangido deixaria a liderança, mas não estou", ressaltou, acrescentando que não fora cobrado de nada pelo governo.