Título: Frase atribuída a Lula irrita ministro argentino
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2005, Nacional, p. A8

Presidente Lula teria dito no Japão que 'é preciso ter saco para agüentar os argentinos'

BRASÍLIA Um comentário atribuído ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que teria sido feito durante um jantar com a comitiva brasileira no Japão - "É preciso ter saco para agüentar os argentinos" - foi criticado como "forte demais" pelo ministro do Interior da Argentina, Aníbal Fernández. Mas as críticas de Fernández foram desconsideradas pelo governo e pelo Itamaraty, porque ele não é responsável pela política externa do país vizinho. Para o Ministério das Relações Exteriores, a crítica do ministro argentino não cabe, porque se trata, apenas de um suposto comentário informal de Lula num círculo íntimo composto apenas por membros de sua comitiva, que depois vazou para a imprensa.

ELITISTA

Mas o Itamaraty não terá como desqualificar a opinião do chanceler Rafael Bielsa sobre as pretensões do Brasil quanto a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O diário El Clarín do dia 28 informa que, numa reunião do Grupo do Rio, em Luxemburgo, Bielsa rotulou como "elitista e pouco democrática" a posição brasileira sobre a reforma do Conselho.

E disse isto diretamente ao secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, durante um almoço de que participava também o chanceler do Chile. Segundo o jornal, Guimarães falou "na necessidade da ampliação dos membros permanentes (do Conselho de Segurança)" e Bielsa contrapôs a posição argentina, que é a de favorecer a ampliação do Conselho, mas com assentos rotativos.

Ele disse a Guimarães que a posição brasileira "era elitista e pouco democrática, e que nos leva a reafirmar nossa posição de que qualquer reforma não se deve fazer com a criação de assentos permanentes, mas sim, de assentos rotativos". Segundo fontes diplomáticas argentinas, Bielsa depois comentou que fez questão de afirmar a posição argentina, mesmo num cenário informal. A posição argentina, disse o jornal, contou com o apoio do chanceler mexicano.