Título: Papa prega abstenção em plebiscito sobre fecundação
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2005, Vida &, p. A16

EFE ROMA O papa Bento XVI entrou na campanha do plebiscito para revogar parte da lei italiana sobre fecundação assistida, com uma mensagem favorável à abstenção da população na hora de votar, o que foi duramente criticado pelos partidários do "sim". A abstenção é a via mais direta para levar ao fracasso da consulta, que será feita nos dias 12 e 13, já que a lei estabelece que para que o plebiscito seja válido pelo menos a metade mais um dos cidadãos com direito a voto devem ir às urnas. Bento XVI dirigiu sua mensagem aos bispos de toda a Itália, reunidos na Assembléia-Geral da Conferência Episcopal. Defendeu a vida e a família, mas com uma referência direta ao plebiscito e ao papel da Igreja Católica como guia dos eleitores. Disse que "um ser humano não pode nunca ser reduzido a um meio, mas é um fim, como ensina Cristo e como diz a razão humana". Depois, especificou que "não trabalhamos por interesses católicos, mas para o homem, criatura de Deus".

O Tribunal Constitucional aceitou em janeiro a convocação do plebiscito sobre quatro pontos da lei, aprovada com os votos de parlamentares católicos da oposição, mas rejeitou que fosse extensiva a todo o texto. Tachada de "muito conservadora" pelos partidos e personalidades que promoveram o plebiscito, a lei italiana de fecundação assistida proíbe as doações de sêmen alheios ao casal e a pesquisa sobre os embriões.

Os pontos aceitos pelo tribunal se referem à obrigação de criar em proveta no máximo três embriões, aos limites para a pesquisa experimental, aos direitos do concebido e à proibição da fecundação com esperma ou óvulo de doador.