Título: PIB sai hoje. Expectativa é de alta
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2005, Economia, p. B4

Analistas estão moderadamente otimistas sobre o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do País no primeiro trimestre, que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de crescimento projetada por economistas consultados pelo Estado varia entre 0,4% e 0,8% em relação ao último trimestre do ano passado, já descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o primeiro trimestre de 2004, as projeções oscilam entre 3,4% e 3,8%. "Os números deverão mostrar uma ligeira aceleração do PIB no primeiro trimestre em relação ao anterior, apesar de dados parciais da atividade terem apontado desaceleração", prevê o economista da LCA, Bráulio Borges, que calcula acréscimo de 0,6%. No último trimestre de 2004, o PIB aumentou 0,4% ante o terceiro trimestre, mostra o IBGE.

O principal fator que sustenta a aceleração em ritmo comedido da atividade é o bom desempenho das exportações, especialmente dos volumes vendidos no exterior, diz Borges. Além disso, o consumo das famílias deve ter continuado em alta entre janeiro e março.

A explicação para esse desempenho é que a valorização do real ante o dólar ainda não afetou as exportações de forma generalizada e a elevação da taxa básica de juros também não atrapalhou o consumo das famílias, beneficiadas pelo crédito com desconto em folha de pagamento e pelo alongamento dos prazos do crediário.

Alex Agostine, economista da GRC Visão, destaca que, mesmo no cenário mais pessimista, o PIB deve ter crescido, no primeiro trimestre, entre 0,2% e 0,4% na comparação com o último trimestre do ano passado. "O desempenho não deverá ser negativo", prevê. A consultoria projeta um acréscimo de 0,7% no PIB para esse período.

Agostine pondera que, apesar de a produção industrial ter desacelerado, o setor de serviços responde pela maior parcela do PIB. E mesmo dentro da indústria há segmentos como o da construção civil e de serviços industriais de utilidade pública, como energia elétrica, que não desaceleraram nesse período.

Para o sócio da MSConsult Fábio Silveira, a desaceleração do PIB deverá ficar clara no segundo trimestre, por conta do impacto da valorização do real em relação ao dólar e do efeito da alta dos juros básicos. Por enquanto, o crescimento de 0,8% do PIB projetado para o primeiro trimestre em relação ao último do ano passado, descontados os efeitos sazonais, é atribuído pelo economista ao bom desempenho das exportações e às vendas de bens de consumo e de capital.

"Se não houvesse saldo positivo da balança comercial, o desempenho seria pior", diz o economista da Tendências, Guilherme Maia. A consultoria projeta um acréscimo 0,4% para o PIB do primeiro trimestre ante o último de 2004, a mesma taxa atingida entre outubro e dezembro do ano passado na comparação dessazonalizada. Na previsão da consultoria, que é menos otimista que as demais, o consumo das famílias já deve ter apresentado retração, assim como os investimentos, nos três primeiros meses deste ano.