Título: Governo estuda distribuição de 1 milhão de laptops
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2005, Economia, p. B8

O Ministério das Comunicações estuda um programa de inclusão digital, que prevê a distribuição de laptops, no valor de US$ 100,00 (R$ 260,00), a crianças de escolas públicas. A proposta vem sendo desenvolvida pelo Media Lab, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, e será apresentada no dia 28 de junho ao ministro das Comunicações, Eunício Oliveira.

A idéia, caso seja aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é distribuir o primeiro milhão de computadores portáteis para alunos de escolas que já tenham conexão com a Internet. Segundo o assessor especial do Ministério das Comunicações, Jean-Claude Frajmund, os primeiros laptops seriam importados, mas a intenção do governo é produzi-los no Brasil.

O laptop de US$ 100,00 seria utilizado como alternativa a outros programas de inclusão digital, como o PC Conectado, que prevê a comercialização de computadores a R$ 1.400,00. Esse programa ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. As regras do PC Conectado serão incluídas na "MP do Bem", em estudos no governo.

A intenção do governo, com a distribuição dos laptops de US$ 100,00, é beneficiar os 40 milhões de alunos de cerca de 200 mil escolas públicas. "Precisamos achar alternativas viáveis", disse o assessor, esclarecendo que 80% da população brasileira nunca mexeram em um computador e 90% nunca navegaram pela Internet.

De acordo com o diretor-executivo do Media Lab, Walter Bender, que fez ontem uma apresentação prévia da proposta no auditório do Ministério das Comunicações, o laptop de US$ 100,00 estará pronto no próximo ano, com condição de ser utilizado em qualquer parte do mundo.

O computador será produzido por um consórcio industrial, sem fins lucrativos. De acordo com o pesquisador americano, o MIT está oferecendo a idéia a ministros das áreas de educação e comunicação em vários países.

O laptop, de acordo com a proposta do MIT, usará software livre, mas ainda não há definição da capacidade de memória. "O importante são as parcerias com a indústria e a sua disseminação no mundo", disse Bender, durante a apresentação prévia. Ele vê no projeto uma forma de mudar o aprendizado das crianças e avalia que, com a redução do custo do computador, aumenta-se a possibilidade de acesso da população à tecnologia e à informação.