Título: Brasil cai para 24.º entre investidores
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2005, Economia, p. B9

A internacionalização de empresas de países emergentes quase dobrou de 1985 a 2003, mas o Brasil não acompanhou o ritmo de crescimento puxado sobretudo pela Ásia. De 1983 a 1989, o País enviou ao exterior o equivalente a US$ 200 milhões na forma de investimentos externos estrangeiros (IED), segundo informou a Comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) no seminário "Global Players From Emerging Markets: Brazil". No período 1993-1995, os dez principais investidores estrangeiros emergentes enviaram ao exterior cifras acima de US$ 1 bilhão, enquanto o Brasil caía para a 11.ª posição entre os 15 mercados emergentes com maior investimento direto (US$ 800 milhões). A situação do País piorou em 2002-2003, quando foi rebaixado à 24.ª posição, investindo na internacionalização US$ 200 milhões.

América Latina, Caribe e Estados Unidos são os principais destinos do IED brasileiro. O que puxou a posição do País foi o fluxo registrado em 2004, de US$ 9,5 bilhões, principalmente por causa da fusão da AmBev com a Interbrew (US$ 4,9 bilhões) e dos empréstimos entre empresas (US$ 2,83 bilhões). A Petrobrás é a principal transnacional brasileira, com 14 filiadas no exterior, seguida pela Odebrecht (14), Cia. Vale do Rio Doce (6) e Embraer (1).

Apesar disso, o Brasil tem o maior estoque de investimentos estrangeiros diretos (IED) entre os países da América Latina, com um total de US$ 66 bilhões até o fim de 2004, e é o 5.º maior do mundo em desenvolvimento, atrás da China, Hong Kong, Cingapura e Taiwan. Em 1994, os estoques de IED do Brasil eram US$ 43,4 bilhões, colocando o País na 2.ª posição entre os principais destinos de investidores emergentes. Dez anos antes, o Brasil era o primeiro investidor direto estrangeiro entre os emergentes, com estoque de US$ 39,4 bilhões.

Segundo o ex-secretário geral da Unctad, embaixador Rubens Ricupero, o que explica o menor ritmo de internacionalização das empresas brasileiras é a baixa poupança interna.

A estimativa de IED realizados pelo Brasil neste ano é de US$ 6 bilhões , informou o diretor de Investimentos da Apex Brasil, Ingo Pl¿ger. Em relação a 2002 (US$ 2,5 bilhões), a previsão é bem superior. Em 2003, o País aplicou no exterior US$ 249 milhões. Em 2004, foram US$ 9 bilhões, mas o valor foi inflado pela fusão AmBev-Interbrew. A previsão do governo para a atração de investimentos diretos estrangeiros este ano é de US$ 20 bilhões.