Título: Pesquisa mostra forte apoio à CPI e popularidade de Lula em queda
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2005, Nacional, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não passou incólume pelo rumoroso episódio de corrupção nos Correios: a nova rodada da pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem, mostrou, de um lado da moeda, que 86% dos que tomaram conhecimento do escândalo apóiam a CPI; do outro, a avaliação do presidente confirmou a tendência de queda já detectada na rodada anterior. Embora não tenham excedido muito a margem de erro da pesquisa, as quedas foram consistentes e se repetiram em quase todas as questões. Segundo a pesquisa, mais da metade (51,2%) dos brasileiros tomou conhecimento do escândalo dos Correios (16,4% acompanham e 34,8% ouviram falar no caso); desse total, apenas 9,6% se posicionam contra a CPI. A pesquisa CNT/Sensus foi coletada entre 24 e 27 de maio e fez 2 mil entrevistas, em 195 municípios, com margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos.

No mesmo passo, as avaliações de Lula voltaram a cair, depois da queda acentuada anotada na pesquisa anterior, no mês passado, quando sua popularidade desabou 6 pontos porcentuais. Agora, a queda foi menos aguda, porém mais consistente. A avaliação positiva do presidente caiu de 41,9%, em abril, para 39,8%; e a negativa subiu de 16%, em abril, para 18,8%. Da mesma forma, a avaliação do governo piorou: o "ótimo" foi de 9,6% para 8,7%; o "bom", de 32,3% para 31,1%, e o "péssimo", de 9,2% para 11,2%.

DESEMPENHO

Mas não foi só. Caiu também o porcentual dos que aprovam o desempenho do presidente, de 60,1% para 57,4%; e os que desaprovam cresceram de 29% para 32,7%. Com esses novos indicadores, a avaliação de Lula rapidamente se aproxima de junho de 2004, quando atingiu o ponto mais negativo, depois de ter iniciado governo, em janeiro de 2003, com aprovação de 83,6% e desaprovação de ínfimos 6,8%.

A maioria da população já acha que o governo Lula não é eficiente: 44,8% acham que as ações de governo são conduzidas de forma ineficaz e 38,6%, que a condução é eficaz. A área que sofreu a maior queda de avaliação foi a política econômica, em geral tida como a mais bem-sucedida do governo. Ela está no rumo certo para 37,5% e no errado para 45,2% (aprovação caiu 3,5 pontos porcentuais).

Em abril a avaliação do desempenho pessoal de Lula havia retomado tendência de queda que começara em abril de 2003 e fora revertida em fins de 2004. Essa nova rodada consolida a tendência. A característica das pesquisas de opinião sobre o governo mostra que as avaliações do presidente Lula sempre foram bem superiores às avaliações de seu governo - os especialistas sempre disseram que ele ajudava a "puxar" o governo para cima. Agora, no entanto, começa, aparentemente, a se desenhar tendência inversa - os sucessivos problemas do governo "puxam" Lula para baixo.