Título: Universidades elogiam nova versão do projeto
Autor: Lisandra Paraguassú e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2005, Nacional, p. A10

Representantes de universidades públicas e privadas elogiaram a segunda versão do anteprojeto da reforma universitária apresentado anteontem pelo Ministério da Educação. A nova proposta foi considerada mais enxuta, técnica e consistente, mas ainda carente de alguns ajustes. Para o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), Manassés Claudino Fonteles, "o grande avanço foi o projeto perder em caráter político e ficar mais técnico". Ele aponta como fundamental a nova versão ter contemplado as instituições separadamente, particularizando as instituições federais, estaduais, municipais, comunitárias e privadas. "Não dá para esquecer a USP, a melhor universidade da América Latina, em uma reforma universitária", exemplificou Claudino Fonteles.

O presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, Gabriel Mario Rodrigues, defende o mesmo ponto de vista. "A conceituação do ensino privado não pode ser a mesma do ensino público", disse. "São estruturas, produtos diferentes", completou. Rodrigues acredita que o maior avanço para as instituições privadas "foi a queda de algumas exigências junto às mantenedoras". Elogiou a abertura do ministério, por ouvir todas as partes, e mostrou-se esperançoso com uma terceira versão do projeto. "Facilita a negociação e é evidente que virá uma versão melhor", concluiu.

A manutenção da autonomia das universidades públicas estaduais e a possibilidade de transformar dívidas com a União em investimento no ensino foram apontados pelo reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, como as grandes vitórias das instituições públicas paulistas nas negociações com o governo federal. "Abre a perspectiva para que a União possa participar do financiamento das instituições de ensino estaduais."

A QUE VEIO?

Uma proposta que ainda não disse a que veio. Essa foi a impressão do sociólogo e cientista político Simon Schwartzman a respeito da segunda segunda versão do projeto. Crítico da reforma, Schwartzman acha que muitos pontos ainda estão obscuros.

Schwartzman foi o relator, em 1985, da Comissão Nacional de Reformulação da Educação Superior. Ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dirige atualmente o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), no Rio. Ressaltando que faz uma observação pessoal do anteprojeto, o sociólogo criticou o que considera "critério muito estranho" de função social que condicionará o funcionamento das universidades privadas, que para ele não está muito claro.