Título: Ipea vai revisar a previsão para baixo
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2005, Economia, p. B4

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) vai revisar para baixo, na próxima semana, sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2005, que estava em 3,5%. A nova taxa ainda vai ser calculada pelo Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC), do instituto. Para o economista do Ipea Armando Castelar, o crescimento da economia deverá ficar mais perto de 3% do que de 3,5% - a avaliação, ressalvou, é pessoal e não do instituto. A mudança de patamar reflete "tanto o resultado do primeiro trimestre quanto o fato de que a política monetária está ficando apertada há mais tempo do que se imaginava antes".

O diretor de macroeconomia do Ipea, Paulo Levy, confirmou a redução da estimativa. No último boletim trimestral de conjuntura do instituto, a taxa já fora reduzida de 3,8% para 3,5%. Segundo Levy, a desaceleração no primeiro trimestre reflete uma "acomodação natural", depois de forte expansão, e a política monetária. "O BC começou a sinalizar desde julho do ano passado que diante da inflação iria mudar a postura da política monetária", lembrou, citando que os juros começaram a subir a partir de setembro.

Na prática, os dados de produção industrial e do PIB trimestral saíram abaixo do estimado pelo Ipea. Além disso, os juros ficaram estão em alta por período mais prolongado. O instituto previa crescimento de 4% para a economia nos primeiros três meses do ano na comparação com o mesmo período ano passado, mas a taxa divulgada ontem pelo IBGE ficou em 2,9%. No caso da produção física, a estimativa inicial do instituto era de expansão de 7,6% no período, mas houve desaceleração acima do previsto e a variação efetiva foi de 3,9%.

Conforme o último boletim, o "impacto mais intenso da política monetária restritiva" seria sentida no segundo trimestre deste ano. Este ano, o setor externo está dando contribuição positiva para o PIB, mas este efeito não compensa integralmente a redução das outras partes da demanda.

"Na comparação com o trimestre anterior, a única coisa que fez o PIB crescer foram as exportações. Todo o resto jogou contra", comentou Castelar. "Mostra que o cenário externo foi mais benigno do que se imaginava e isso está ajudando bastante pelo lado das exportações."