Título: Preços de combustíveis podem cair
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2005, Economia, p. B11

A defasagem entre os preços internos da gasolina e do diesel e as cotações internacionais do petróleo já não existe mais, segundo cálculos de especialistas, como reflexo da queda do petróleo e do dólar nas últimas semanas. Agora, pelo contrário, há espaço para redução nos preços internos, principalmente do diesel, que está até 7% mais barato do que no mercado internacional. Ontem a Petrobrás anunciou a seus clientes que vai diminuir, pela quarta vez consecutiva, o preço do querosene de aviação (QAV) em 4,35%. O QAV é reajustado duas vezes por mês e acompanha mais de perto as variações internacionais do mercado de petróleo. Por isso, aponta uma tendência para os demais derivados. Depois de um período de alta, em março, o preço começou a cair na segunda quinzena de abril e, desde então, acumula queda de quase 20%. No ano, porém, o preço do QAV tem alta acumulada de 4,35%, reflexo da disparada do preço do petróleo no primeiro trimestre, quando o dólar oscilou na casa dos US$ 55 por barril.

Na última semana, porém, o barril negociado no mercado internacional já chegou a ser vendido a menos de US$ 50. O dólar, por sua vez, fechou ontem a R$ 2,407. Esse cenário eliminou a defasagem de preços que vinha provocando perdas para as refinarias e culminou com a suspensão das atividades de refino da Ipiranga, no último mês - a empresa já anunciou que retoma as operações a partir de hoje.

Segundo cálculos de uma trading do setor, na sexta-feira o litro da gasolina valia R$ 0,87 no Golfo do México, um dos parâmetros de preço utilizados pela Petrobrás. No Brasil, o produto é vendido, na porta da refinaria, pelo mesmo valor. Já o diesel, que sai a R$ 0,90 por litro no Golfo, custa R$ 0,97 nas refinarias nacionais. Isso significa que as refinarias começam a ter uma margem de lucro sobre o diesel produzido no País.

Analistas do mercado, no entanto, não acreditam em queda nos preços da gasolina e do diesel no curto prazo, já que a estatal trabalhou com preços menores do que os internacionais até agora e deve tentar recuperar as perdas que teve no período. Uma redução, por outro lado, daria grande ajuda na luta contra a inflação, já que cada ponto porcentual a menos no preço da gasolina significa um refresco de 0,04 ponto porcentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

ÁLCOOL

A gasolina, por sinal, caiu 1% no último mês, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em razão da redução do preço do álcool anidro. O repasse, porém, continua aquém da queda verificada no preço de venda do produto pelas usinas, que já acumula 35% desde o início da safra, em abril. Já o álcool hidratado teve redução de 8,4% no mês. Se o repasse fosse integral, a queda deveria chegar a 35% no álcool e a até 8% na gasolina. As empresas, porém, alegam que ainda têm estoques a preços antigos e o repasse vem sendo feito aos poucos.