Título: BC faz o dólar subir no grito
Autor: Silvana Rocha, Mario Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2005, Economia, p. B15

Após 3 quedas seguidas, o dólar subiu 1,60%, para R$ 2,409, sustentado pela expectativa do retorno, em breve, do Banco Central ao mercado. Antecipando-se a esta perspectiva, as tesourarias de bancos reduziram posições "vendidas", e o comercial subiu. O paralelo ficou estável, em R$ 2,743, o Ibovespa caiu 0,85%, o C-Bond ganhou 0,12%, vendido com ágio de 2,50%, e o risco país continuou em 418 pontos. O diretor de Política Monetária do BC, Rodrigo Azevedo, disse em São Paulo que o nível de reservas (US$ 60,989 bilhões) não é suficiente para o Brasil ter segurança, e que a autoridade monetária deve retomar a política de recomposição dessas reservas, com a volta das condições adequadas. Ele não especificou quais seriam essas condições, mas o mercado entendeu como um sinal da volta do BC às compras. "O Azevedo interveio indiretamente no mercado e fez o dólar subir 'no grito' ", comentou um operador.

No mercado futuro, os investidores que deixaram para zerar posições no último dia do mês foram surpreendidos pelas declarações de Azevedo. Além disso, a alta firme do dólar ante o euro e a expansão do PIB abaixo do esperado estimularam a recomposição das posições em dólares. A inquietação com o quadro político aumentou, com a pesquisa CNT-Sensus mostrando queda na avaliação do governo Lula. Os sete contratos de dólar futuro negociados projetaram alta.

A volatilidade voltou a marcar os negócios no mercado acionário. A Bolsa paulista oscilou durante todo o pregão, sem definir tendência, mas acabou recuando. O movimento financeiro foi bom, R$ 1,582 bilhão, mas os operadores não se arriscaram a fazer previsões para os próximos dias. Com o PIB baixo, a Bovespa acabou refletindo o comportamento de Wall Street, onde o Dow Jones caiu 0,71% e a Nasdaq , 0,36%.

As maiores altas do Ibovespa foram de Cesp PN (5,71%), Eletropaulo PN (4,12%) e Tele Leste Celular PN (3,50%). As maiores quedas foram de TIM ON (4,56%), Tractebel ON (4,15%) e Embraer PN (3,68%).

No mercado de juros, a impressão é de que o BC deverá encerrar o ciclo de alta da Selic, após o mau desempenho da economia no primeiro trimestre. "Se esse PIB não sensibilizar o Banco Central, não sei o que poderá fazer o juro parar de subir", comentou um operador.