Título: R$ 1,5 mi para cada deputado contra CPI
Autor: Eugênia Lopes e Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2005, Nacional, p. A5

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, prometeu liberar R$ 1,5 milhão de emendas ao Orçamento do ano passado para cada deputado que votar pela derrubada da CPI dos Correios. A expectativa é de que nos próximos dias Palocci, que controla o cofre da União, libere 70% das emendas empenhadas em 2004 e não pagas para obras em bases eleitorais dos parlamentares. Com isso, os governistas estão agora mais otimistas quanto ao sucesso da operação montada para abafar a CPI. Palocci, que passou a atuar na coordenação política, conforme revelou o Estado, assumiu em reunião ontem com os aliados o compromisso de liberar as emendas até a semana que vem, antes que o recurso para derrubar a CPI dos Correios seja votado pelo plenário da Câmara e do Senado. "Estamos unidos em determinadas questões que o governo antes não queria entender. É o caso do pagamento de emendas de parlamentares. E o papel do Palocci é garantir o cumprimento da Lei Orçamentária, ou seja, pagar essas emendas", resumiu o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO), após se reunir com Palocci, no Palácio do Planalto.

"A execução orçamentária e de emendas planejada ajuda a conter a insatisfação dos parlamentares com o governo", disse o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES), que também participou do encontro com Palocci e o ministro José Dirceu. Certos de que vão abortar a CPI, os líderes aproveitaram a reunião para discutir até uma pauta de votações para a Câmara.

A operação do Planalto para barrar a CPI dos Correios levou os partidos aliados a se unirem. "Quando surge um inimigo externo, todos se unem", disse o deputado Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP). "A crise juntou todo mundo", completou o líder do PTB, José Múcio Monteiro (PE). Na reunião no Planalto, os governistas contabilizaram 255 votos do total de 513 deputados para derrubar a CPI dos Correios em votação no plenário da Câmara. Na CCJ da Câmara, os aliados esperam ter 40 dos 61 votos.