Título: Tarso anuncia ajuda de custo para alunos do ProUni
Autor: Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2005, Nacional, p. A8

O ministro da Educação, Tarso Genro, anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar dia 14 o Bolsa Permanência - medida provisória para complementar o Programa Universidade Para Todos (ProUni) com um salário a fim de evitar a evasão em cursos de alta demanda. O ministro revelou a decisão do governo em resposta a alunos que entregaram uma carta com duras críticas e cobranças de movimentos estudantis, comunitários e de afrodescentes à segunda versão do anteprojeto da reforma universitária, lançada segunda-feira. O Bolsa Permanência faz parte de pacote de MPs e projetos de lei para a educação que Lula deve lançar no mesmo dia. O anúncio serviu para quebrar o desconforto do encontro do ministro com os militantes. Até então ele estava acuado com a leitura da carta por representantes de um dos movimentos, o Educafro. Eles haviam feito críticas com sugestões à questão das cotas, da isenção da taxa nos vestibulares para alunos de escolas públicas, liberação de verbas sem contrapartida social, vagas ociosas e orientação vocacional.

O ministro aproveitou o depoimento da aluna Cláudia Roberta Ferreira de Lima, de 24 anos, que falava de sua dificuldade para se manter no curso de odontologia somente com o ProUni, sem ajuda de custo para moradia e compra de equipamentos. "Demorei para conseguir entrar e não quero desistir, mas é quase impossível", dizia quase chorando. Estava listando seus custos quando o ministro a interrompeu. "Tenho uma boa notícia para vocês. O Lula vai assinar dia 14 o Bolsa Permanência", disse Tarso. Explicou que o programa foi entregue ao presidente na quarta-feira, "que o recebeu bem e, se não houver problema técnico, será aprovado e entrará em vigor imediatamente".

Às outras críticas, como a questão das cotas e liberação de verbas sem contrapartida social, Tarso disse serem legítimas, mas irem de encontro com outros setores e idéias. "Isso faz parte da democracia", repetiu várias vezes. Discursou sobre sua gestão à frente do ministério, citou algumas dificuldades e prometeu aumento de recursos a todos os níveis da educação.

Ao final, prometeu analisar todas as reivindicações que foram feitas oralmente ou entregues por escrito no encontro. "Em algumas não haverá problemas, é questão de redação, noutras vamos ver nosso poder político no Congresso."