Título: CPI rastreia verba em campanha do PT
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2005, Nacional, p. A17

A CPI da Terra pretende investigar a suspeita de que recursos públicos da reforma agrária teriam sido usados para financiar campanhas de políticos do PT. Ontem, foi apresentado na CPI requerimento para quebra de sigilo bancário de duas empresas que teriam doado dinheiro a políticos e que receberam recursos de entidades beneficiadas por verbas federais para projetos em assentamentos. As empresas cuja quebra de sigilo foi solicitada são a Gráfica Editora Peres e Sociedade Editorial Brasil de Fato. Segundo levantamento divulgado por parlamentares da CPI, as duas receberam dinheiro da Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca) e da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab). Segundo os parlamentares, nas prestações de contas de campanha de políticos cujos nomes não foram revelados, estão doações das editoras.

Na audiência de ontem, o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), da bancada ruralista, divulgou dados da quebra de sigilo bancário ao tomar o depoimento do ex-secretário-executivo da Anca José Trevisol. Segundo esses dados, parte do dinheiro de convênios firmados com o governo teve destino incerto, tendo sido repassado a office-boys da Anca e da Concrab por meio de cheques nominais.

O funcionário Emerson Rodrigues da Silva, por exemplo, teria recebido 6 cheques no valor total R$ 54,5 mil de um desses convênios. A suspeita é de que a transferência do dinheiro aos office-boys seria forma de desviar o dinheiro público.

VERBAS

Em encontro com representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou ontem o repasse de R$ 9 bilhões para o Plano de Safra 2005/06. Na reunião no Palácio do Planalto, Lula ainda anunciou o desbloqueio de R$ 750 milhões do orçamento da reforma agrária.

Se a promessa de liberação de recursos for cumprida, o Plano Safra, voltado para pequenos agricultores, terá aumento de recursos de mais 30% em relação a 2004.