Título: Balanço trimestral foi bom
Autor: Sheila D'Amorim, James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2005, Economia, p. B20

A Varig apresentou ontem um de seus melhores balanços trimestrais dos últimos quatro anos. O resultado da atividade foi de R$ 146,5 milhões, um aumento de 234% em relação ao ano anterior. O valor é próximo ao resultado da atividade obtido pela Gol (R$ 150 milhões) no período e superior ao da TAM (R$ 116 milhões). Entretanto, por conta de sua dívida de R$ 6,4 bilhões, 92% do resultado da Varig ficou comprometido com o pagamento de juros. "É um bom resultado operacional, mas não há o que comemorar", avalia o especialista em aviação da consultoria Pentágono Marcelo Ribeiro. "Se não for encontrada uma solução rápida e definitiva para o endividamento, a situação pode se deteriorar."

Apesar da melhora no resultado, a rentabilidade da operação continua muito abaixo da média da indústria. A margem Ebtidar (rentabilidade operacional sem considerar as despesas financeiras) foi de 16,4%. A da Gol foi de 40% e a da TAM, 23,4%.

Para o diretor de Relações com Investidores da Varig, Ricardo Bullara, a melhora operacional se deveu ao crescimento do setor (de 13,4% no período) e às políticas de redução de custos. No mercado doméstico, a empresa aumentou em 6% a oferta de assentos, enquanto o número de passageiros transportados cresceu 19,5%. A taxa de ocupação subiu de 62% para 68% e a receita líquida cresceu 18%, para R$ 2,1 bilhões.

O balanço aponta uma economia de 14% obtida principalmente com a renegociação de comissões de agentes de viagem na Europa. De acordo com Bullara, a redução das despesas não foi maior porque a empresa teve de absorver um aumento de 25% no litro do combustível de aviação. O combustível, que representa 38% dos custos, fez aumentar o custo do assento por quilômetro, que passou de R$ 0,17 para R$ 0,19.

Na avaliação de Ribeiro, a trajetória de melhora operacional pode estar próxima do fim: "A concorrência está agressiva, o 'code-share' com a TAM acabou em maio e a economia, principal razão do resultado positivo anunciado, deve crescer pouco este ano."