Título: Nova versão da reforma é pior, avalia Paulo Renato
Autor: Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2005, Nacional, p. A11

O ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza disse ontem que a segunda versão do anteprojeto da reforma universitária "é pior do que a anterior". Paulo Renato achou a nova versão "melhor na forma, escrita por quem entende de fazer leis, mas com os mesmos princípios e propostas" que ele já apontava como problemáticas, com uma "visão de organização pré-capitalista que impede a modernização do ensino". A nova versão foi apresentada segunda-feira pelo ministro da Educação, Tarso Genro, com alterações como a possibilidade de conversão de dívidas estaduais com a União em investimentos nas universidades; flexibilização das exigências às instituições privadas e limitação do investimento estrangeiro; determinação do mínimo de mestres e doutores no total de professores de uma instituição, permissão da existência das fundações e autonomia às instituições federais.

O ex-ministro criticou duramente a situação do setor privado no anteprojeto, em especial a limitação da participação estrangeira, "uma atitude xenófoba, fora de lugar". "O importante são as normas de educação do País e que as instituições sigam as normas", resumiu. Disse que ao limitar a participação estrangeira, impedir a constituição de sociedades anônimas e a formação dos sistemas de ensino no nível superior, "o projeto obriga o dono a ser reitor, contraria a prática do setor privado, a universidade vira uma empresa familiar, é um prejuízo à qualidade, à entrada de novas empresas, à modernização do ensino". "É inadmissível", concluiu.

Considerou que o ensino superior precisa se modernizar, o que seria facilitado em parcerias com fundos estrangeiros ou bancos.

Paulo Renato considerou a conversão de dívidas em investimento como "uma coisa política do Tarso, que tem que combinar com os outros (governo)".