Título: Saldo no ano já chega a US$ 15,64 bi
Autor: Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2005, Economia, p. B3

Ignorando as reclamações de que o câmbio baixo prejudica o setor exportador, a balança comercial fechou o mês de maio com um recorde no total de vendas ao exterior: US$ 9,819 bilhões. As importações também foram as maiores em um único mês: US$ 6,367 bilhões. Só o saldo comercial, de US$ 3,452 bilhões, não foi recorde. Perde para o de abril, de US$ 3,876 bilhões. No ano, já atinge US$ 15,646 bilhões. Para o governo, o dado é ainda mais relevante se for considerado que as exportações cresceram 23,6% acima das de abril, apesar da queda de 28,6% nas vendas de soja e de 41,6% de aviões, dois itens importantes da pauta brasileira. Além disso, houve também redução de 26,2% nas vendas para a China, o terceiro destino dos produtos nacionais.

"As exportações continuam crescendo num ritmo forte, inclusive para mercados não tradicionais", destacou o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio, Ivan Ramalho, ressaltando que esse comportamento se deve ao esforço nos últimos anos para diversificar a pauta e conquistar novos mercados para os produtos brasileiros. As vendas para a Europa Oriental, em maio, subiram 113,3%, e para a África, 52,7%. Para o secretário, a discussão sobre o "efeito câmbio" no comércio exterior deve ser avaliado setorialmente. "Há vários outros aspectos que têm de ser vistos setor por setor", afirmou, referindo-se, por exemplo, à estrutura de custos, produtividade de determinados segmentos, competição no mercado e tamanho da empresa exportadora.

O secretário admitiu ser possível que alguns setores percam negócios ao não oferecerem preços muito competitivos em determinados mercados. Mas ressaltou que isso não permite "afirmar que as exportações brasileiras vão ser atingidas (pela baixa cotação do real)". "Se alguns setores se queixam, outros estão sendo beneficiados por aumentos de preços no mercado internacional." No acumulado de janeiro a maio, as exportações somam US$ 43,472 bilhões.

IMPORTAÇÕES

Na avaliação do secretário, o câmbio mais baixo também não tem estimulado as importações com se imaginava. Segundo ele, "como mais de 50% das importações são matérias-primas e insumos que serão processados pela indústria brasileira, eles seriam adquiridos de qualquer forma, independentemente da taxa de câmbio".

Em maio, as compras externas bateram recorde: US$ 6,367 bilhões. O crescimento de 31,8%, comparado com o mesmo período de 2004, foi puxado pelo aumento de 45% das compras de petróleo. Já as importações de bens de capital cresceram 33%. Neste último caso, como as encomendas são feitas com muita antecedência, o secretário descarta a possibilidade de o crescimento ter ocorrido apenas por causa do câmbio favorável.