Título: Atividade da indústria paulista sobe em abril e cai no ano
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2005, Economia, p. B5

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou comunicado ontem informando que o Indicador do Nível de Atividade (INA), que mede o desempenho do setor, apresentou queda de 1,4% no primeiro quadrimestre do ano, em relação ao último quadrimestre de 2004, já descontadas as diferenças sazonais. Com ajuste sazonal, o indicador apresentou crescimento de 2,2% em abril ante março. A Fiesp está empenhada em mostrar que os juros efetivamente afetam a produção industrial. Os dados do INA foram apresentados um dia depois da divulgação pelo IBGE do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que cresceu pífios 0,3% em relação ao último trimestre de 2004.

De acordo com levantamento divulgado ontem, o desempenho de abril foi o melhor resultado do ano. Na comparação com abril de 2004, o crescimento chega a 6,3%. Sem ajuste sazonal, o indicador mostra queda de 0,5% na comparação com o mês anterior.

Para o diretor-adjunto do Departamento de Economia da Ciesp, Antonio Corrêa de Lacerda, o desempenho de abril foi sustentado pela produção e vendas para o Dia das Mães e Dia dos Namorados, além das exportações. Feres Abujamra, diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, observa que a atividade do setor tem refletido ainda o aumento do crédito à pessoa física, principal motor das vendas. No quadrimestre, as vendas reais do setor aumentaram 12,2% ante o mesmo período do ano passado.

No mês de abril, contudo, as vendas reais caíram 3,3% na comparação com março, sem ajuste sazonal. Para Abujamra, um dos fatores para essa queda é o alto nível de estoques de produtos acabados nas fábricas. "Os empresários se prepararam para um primeiro trimestre forte, que não se realizou."

Juros e câmbio continuam a preocupar a indústria paulista. Diretores da Fiesp e do Ciesp acreditam que o resultado do INA (com ajuste sazonal) pode ficar negativo já neste mês, refletindo o impacto das altas taxas e da valorização do real. Citaram como exemplo a indústria de embalagens, que registrou queda de 20%, em média, no número de pedidos em comparação com os últimos quatro meses de 2004. "A expectativa para os próximos meses não é alvissareira."

Os empresários destacaram, na pesquisa, a queda de 0,6% na atividade da indústria de máquinas e equipamentos em abril ante março. Segundo Lacerda, o recuo mostra que as indústrias não estão investindo. As exceções, diz, são os setores de coque e refino de petróleo e produção de álcool, que operam com 96,4% da capacidade instalada, e a indústria automotiva, com 89,4% de uso. Na média, a utilização da capacidade instalada recuou de 82,4% em março para 79,8% em abril.