Título: No palco da Unipalmares, uma solenidade eclética
Autor: Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2005, Nacional, p. A12

A visita do ministro Tarso Genro à Unipalmares foi marcada pelo ecletismo. Na abertura da cerimônia, dividiram o palco um padre e uma mãe-de-santo. "A união de religiões representa a junção de esforços por um Brasil melhor", explicou o reitor, José Vicente. O hino nacional foi cantado em ritmos variados. O evento teve apresentação de música gospel e africana. Entre os presentes, o vereador Agnaldo Timóteo, dois deputados, um embaixador, um representante de banco e, como a pauta era educação, o dono da Universidade Paulista (Unip) e do Objetivo, João Carlos Di Gênio. "O Di Gênio, além de abrir as portas da Unip para os movimentos negros, não manda representantes. Ele vem como representante", saudou Vicente, explicando que recebe do Objetivo apoio como apostilas e professores para os cursinhos comunitários da Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural (Afrobrás). "É uma ação de responsabilidade social", afirmou Di Gênio.

A Unip colabora com 50% da folha de pagamento, paga aluguel do prédio, fornece bolsas para os alunos negros indicados pela Afrobrás e cursos que a Unipalmares ainda não oferece, como odontologia. A Unipalmares tem pré-vestibular e a Unip cede todo o material didático. "É um projeto no qual a Unip se sente honrada em poder participar", destacou Di Gênio.

Vicente mostrou ao ministro o coral de alunos que trabalham no Banco Itaú - outro parceiro - como "exemplos de talento, de vocação que não podemos mais jogar na lata do lixo". Ele concluiu: "Precisam, através da educação, ter a qualificação e lapidação necessárias para ocupar o seu lugar no espaço". Vicente pediu a Tarso uma nova construção da história do Brasil "mas com a nossa (dos negros) participação para escrevê-la".