Título: BC deve comprar dólares, diz Appy
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2005, Economia, p. B5

Três dias após o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Rodrigo Azevedo, ter indicado que, com "a volta das condições adequadas", o BC voltará a comprar dólares no mercado para aumentar as reservas internacionais, foi a vez de o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, voltar ao tema. "Queremos reforçar as reservas internacionais", disse Appy, em palestra na Bolsa do Rio. "Provavelmente, isso exige compra de dólares no mercado. Agora, quando, isso é outra discussão. É uma discussão à parte." Appy observou também que outra forma de recompor reservas é emitir títulos no exterior. Depois, em conversa com jornalistas, comentou que "só disse o que o Azevedo já tinha falado".

A uma platéia de investidores que incluía os presidentes dos fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), Sérgio Rosa, e da Petrobrás (Petros), Wagner Pinheiro, entre outros, Appy afirmou que não espera "nenhum movimento destrambelhado de desvalorização". De acordo com ele, isso "é pouco provável" e, se houver, o efeito dela sobre os preços "será cada vez menor".

Appy mostrou confiança na economia do País e contestou críticas à execução fiscal. "Algum afrouxamento foi feito em 2004, mas certamente nada que levasse ao descontrole do gasto público." Para ele, "a redução consistente das taxas de juros é uma questão de tempo, mas que virá, virá". Quando isso ocorrer, "será uma revolução no mercado de capitais", que já está, assegurou, com a estrutura e os instrumentos para esse momento.

O mercado de capitais, disse, deve se converter em um mecanismo de financiamento de um novo ciclo de investimento. "É conseqüência natural que isso se converta em instrumento de financiamento da economia. Isso é essencial para que a gente possa continuar crescendo de forma sustentada. Ciclos de investimento mal financiados cobram seu custo."

Para o secretário, as perspectivas para investimento são "otimistas". Ele voltou a dizer que nos próximos dias sairá uma medida provisória tratando do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), desonerando investimentos, a chamada "MP do Bem".

Segundo o secretário, as medidas já adotadas de incentivo ao setor de construção civil vão mostrar mais resultado no segundo semestre. Ele disse também que ainda este ano deve haver leilões de energia nova e de concessões rodoviárias.

A queda de 3% no investimento no primeiro trimestre deste ano em relação ao anterior, segundo o secretário, foi influenciada pela perspectiva de quebra de safra e pelos menores preços de alguns produtos básicos, que teriam desestimulado o investimento em máquinas agrícolas.