Título: Paraná vai zerar o ICMS sobre venda de trigo
Autor: Evandro Fadel
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2005, Economia, p. B10

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), decidiu responder na mesma moeda ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que em maio isentou do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) as operações de venda na indústria do trigo. Na segunda-feira, Requião assinará decreto extinguindo a alíquota de 12% que vigora no Paraná para a venda de farinha de trigo e de misturas pré-preparadas de farinha de trigo para pães, feitas por estabelecimentos paranaenses com destino a contribuintes de São Paulo. Para isso, Requião tomará como base uma lei sancionada por ele mesmo em 1992, que autorizava o Poder Executivo a implantar mecanismos de defesa da economia estadual. Se não fosse tomada nenhuma medida, os moinhos do Paraná temiam perder até 60% do mercado na concorrência com os paulistas. Isso poderia refletir na cadeia produtiva. Perdendo o principal mercado consumidor, a compra de grãos se restringiria.

"Voltamos a ser competitivos", comemorou o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Paraná, Roland Guth. "A decisão do governador foi rápida e ágil." O Paraná é o principal produtor nacional, prevendo para este ano 2,75 milhões de toneladas (10% a menos que os 3,05 milhões de toneladas da safra passada).

PRODUÇÃO EM QUEDA

De acordo com o Departamento de Economia Rural, a redução na área de plantio - de 1,27 milhão de hectares para 1,21 milhão de hectares - e na produção deve-se sobretudo à crise provocada pela estiagem e aos baixos preços do produto. Até agora, os triticultores do Estado plantaram 62% da área prevista. Do trigo produzido no Paraná, 85% são moídos no próprio Estado, que possui 40 moinhos. O setor gera aproximadamente três mil empregos.

O presidente do Sindicato da Indústria da Panificação do Paraná, Joaquim Cancela Gonçalves, acredita que a medida a ser tomada por Requião evitará prejuízos aos moinhos e à cadeia do trigo. "Estávamos preocupados com a medida adotada por São Paulo e as possíveis conseqüências no Paraná", disse. "A isenção do imposto vai garantir a sobrevivência do setor e pode significar melhor peço para o consumidor." O sindicato representa 3.283 panificadoras e indústrias de pães, que empregam cerca de 35 mil pessoas.