Título: FHC decide interpelar Ciro Gomes na Justiça por declarações sobre corrupção
Autor: Guilherme Evelin
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2005, Nacional, p. A4

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vai entrar esta semana na Justiça com uma interpelação contra o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, por causa das declarações em que o político cearense acusou FHC de ter sido "contemporizador com a ladroagem" durante os oito anos em que esteve no Palácio do Planalto. Os tucanos chegaram a discutir a hipótese de que a interpelação judicial contra o ex-correligionário Ciro fosse apresentada pela direção nacional do PSDB - Fernando Henrique ocupa o posto de presidente de honra do partido. Mas concluíram que a melhor estratégia seria que o próprio ex-presidente fosse o autor da representação na Justiça devido a um precedente.

Quando o PSDB interpelou este ano o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa de declarações em que ele deixou a entender em discurso que soubera de corrupção no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante as privatizações promovidas pelo governo FHC, a representação foi derrubada na Justiça com o argumento de que o partido não era parte envolvida na polêmica.

ÉTICA

Os duros ataques de Ciro ao ex-presidente Fernando Henrique foram feitos na semana passada, depois de um café da manhã do ministro com a bancada do Nordeste na Câmara, em Brasília. Na seqüência do tiroteio político entre tucanos e petistas, desencadeado pelas denúncias de corrupção nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), Ciro, atualmente sem partido, acusou FHC de não "ter a mais remota preocupação ética".

Em defesa da gestão Lula, Ciro disse que "esse é um governo nacional contra um governo entreguista, um governo ético contra um governo contemporizador com a ladroagem". Segundo o ministro, os exemplos da conivência com a corrupção no governo FHC seriam a extinção da Sudam e da Sudene, as privatizações do sistema Telebrás, o socorro aos bancos Marka e Fonte/Cindam e o caso da denúncia da compra de votos para a aprovação da emenda constitucional da reeleição para presidentes da República.