Título: Resultado de pesquisa sobre 2006 anima Serra e Alckmin
Autor: Guilherme Evelin
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2005, Nacional, p. A6

Os tucanos comemoraram o resultado da pesquisa Datafolha que mostrou queda nas intenções de voto no presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a eleição de 2006 e mostrou três nomes do PSDB em condições de levá-lo para uma disputa no segundo turno: o prefeito José Serra, o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mais bem colocado entre os tucanos na preferência dos entrevistados pelo Datafolha, com 26% das intenções de voto (dez a menos do que Lula), Serra classificou como "ótimo" o resultado da pesquisa, embora tenha insistido em que não será candidato ao Planalto e permanecerá na prefeitura. Defendido hoje pelo PSDB de São Paulo como o candidato natural do partido para enfrentar Lula no próximo ano, Alckmin, ao comentar o resultado do Datafolha, disse que "pesquisa é sempre correta, estatística é uma ciência". Mas ponderou que um levantamento feito a 16 meses das eleições presidenciais apenas retrata o nível de conhecimento que os eleitores têm sobre os potenciais candidatos. "Pesquisa só tem importância política quando começa o horário eleitoral no rádio e televisão. É depois da marcha de 7 de Setembro que você tem as grandes mudanças, as grandes viradas", afirmou Alckmin.

No levantamento do Datafolha, o governador aparece com 15% das intenções de voto contra 38% de Lula e está em situação de empate técnico com o peemedebista Anthony Garotinho, secretário de Governo do Rio de Janeiro. Na simulação de confronto entre Lula e Fernando Henrique Cardoso, Lula tem 38% contra 17% de FHC.

Sem a presença do ex-presidente, Alckmin e Serra apareceram ontem juntos para participar das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente. Plantaram mudas de árvores no Parque Ecológico do Tietê e assinaram decretos para combater a entrada e o uso de madeira extraída de forma ilegal na cidade e no Estado de São Paulo.

Embora tenha classificado como ótimo o resultado da pesquisa, Serra fez questão de dizer que não está pensando em ser candidato ao Planalto. "Acho muito bom estar bem colocado, mas não sou candidato, porque eu vou continuar na prefeitura. Estar bem avaliado pela população brasileira é uma coisa que me incentiva. Para mim, é um estímulo. Ter esses números é bastante satisfatório, me deixa bastante feliz", afirmou o prefeito.

Cauteloso como de hábito, Alckmin também não avançou um milímetro em suas posições sobre a candidatura presidencial e voltou a defender que o PSDB só escolha o seu candidato no próximo ano e não precipite o debate sucessório. "Campanha longa, seja quem for o candidato, encurta o governo, dificulta a governabilidade", disse.

Em resposta aos ataques do presidente Lula, em que ele ironizou Alckmin por repetir que São Paulo tem crescimento econômico maior do que o do País, o governador disse que "é preciso menos palavrório e mais ação". "Ele deveria ter preocupação com o governo. O problema do presidente não é a oposição, é o governo."

Na cerimônia de assinaturas dos decretos que vetam uso de madeira ilegal em obras públicas, não faltaram também farpas dos tucanos na direção do governo federal por causa do índice recorde de desmatamento na Amazônia. Alckmin fez alusão ao esquema de corrupção no Ibama desbaratado na semana passada pela Polícia Federal e disse que é muito grave o fato de ter sido desmatada em um ano uma área equivalente a Alagoas.